É evidente que os cidadãos brasileiros, em grande maioria, não possuem um bom planejamento financeiro, haja vista que o país possui altas taxas de endividamento e recessão ao crédito. O novo modelo econômico, que visa o incentivo ao consumo desenfreado é, de fato, um dos maiores precursores desse problema que afeta não só a qualidade de vida dos indivíduos, mas também o desenvolvimento da economia. Com a consolidação do capitalismo como modelo econômico, várias medidas de incentivo ao consumo foram disseminadas, uma das principais delas é a propaganda, veículo altamente persuasivo e que abrange a grande parcela da população. Com produtos atrativos que chamam a atenção e o interesse do consumidor, a propaganda desenvolve nos cidadãos o desejo incontrolável de obter certos produtos, que muitas vezes são dispensáveis e obsoletos. Somado a facilidade de credenciamento que o mercado financeiro oferece, como cartão de crédito, carnê e crediário, a propensão de o indivíduo contrair uma dívida é muito grande, principalmente para aqueles que não possuem um bom controle financeiro. A falta de controle sob as finanças e gastos é resultado da quase nula abordagem sobre o tema. Poucas são as escolas que trabalham o assunto com os jovens e, quando já adultos, os indivíduos não são bem preparados para enfrentar a sedução imposta pelo consumo, o que os deixa mais vulneráveis a contrair dívidas. As consequências desse cenário são devastadoras para a vida dos cidadãos, uma vez que a preocupação com as dívidas pode levar as pessoas a um quadro de insegurança, estresse e, até mesmo, depressão, diminuindo a qualidade de vida. Para a economia, os efeitos também não são positivos. Com um grande número de pessoas negativadas e sem a possibilidade de efetuar novas compras, o mercado consumidor perde a capacidade de abrangência, abrindo brechas para que ocorra uma crise de superprodução como em 1929, nos Estados Unidos. Em vista dos argumentos supracitados, decorrentes da pouca educação financeira da grande parcela da população brasileira, são necessárias reformas no ramo da educação. O Ministério da Educação, por meio da incrementação de módulos sobre educação financeira no ensino básico e oferta de cursos gratuitos de planejamento de finanças via internet, é peça fundamental para a promoção de uma sociedade mais consciente. Além disso, é imprescindível que haja uma regulamentação do limite de crédito que é ofertado para os cidadãos. Com uma ação conjunta de empresas privadas, Estado e sociedade será possível mudar o falho perfil da população brasileira no que se refere à educação financeira.