No filme brasileiro “Até que a sorte nos separe” o protagonista vive uma situação inusitada, pois, ao ganhar na loteria e se tornar milionário perde o dinheiro logo em seguida. Já fora das telas, a falta de planejamento financeiro também é um problema no país, logo, deve ser debatida, uma vez que suas raízes histórica e cultural contribuem para o aumento do endividamento e inadimplência da população. Em primeiro lugar, deve-se considerar a influência da ideologia consumista, consequente do American Way of Life, na vida dos brasileiros. Isso porque, o fetichismo, termo criado por Karl Marx para designar um desejo de obtenção de determinada mercadoria, tem sido explorado pelas agências publicitárias por meio de propagandas com o fito de manipular o consumidor. Nos últimos capítulos de “Avenida Brasil” um comercial de 30 segundos custava em torno de 500 mil reais, fato que evidencia o investimento do setor, uma vez que a novela tinha audiência proveniente de todas as classes da sociedade. Com isso, o telespectador, mesmo sem perceber, é convencido da necessidade de se obter um novo produto. Além disso, é interessante notar que o consumo em excesso associado a falta de planejamento financeiro nas famílias brasileira intensifica o crescente endividamento, principalmente, em momentos de crise. Com a facilidade de crédito, e a oferta de cartões nas grandes lojas do país, o brasileiro enxerga apenas a oportunidade de obter o bem tão desejado e, sem uma análise crítica prévia, não leva em consideração a necessidade do produto e, inclusive, a possibilidade de pagá-lo. Logo, diante de uma instabilidade financeira, com alta no desemprego, e inflação crescente, o país é afetado em maior grau pela ausência de uma melhor utilização dos gastos familiares, elevando, sobretudo, a inadimplência. Portanto, para diminuir os gastos desnecessários e elevar a compra consciente será preciso a criação de uma consciência financeira na população, o Ministério da Educação deve implementar nas escolas disciplinas de educação em família, em que o debate sobre os custos de vida em nossa sociedade seja pauta recorrente. Ademais, é necessário que o Terceiro Setor juntamente com empresas, que tenham visão social, administrem palestras e campanhas como o fito de ensinar aos adultos a melhor forma de evitarem a inadimplência, como exemplo dar prioridade às contas fixas e realizar planos antes de utilizarem os seus salários. Sendo assim, diferentemente, do protagonista do filme, o cidadão brasileiro provará o que Imannuel Kant afirmou: “ o ser humano é aquilo que a educação faz dele”.