O final da década de 1930 foi marcado pelo “crash” da bolsa de valores de Nova York, acontecimento que trouxe consigo uma grande recessão à economia estadunidense. Entre os vários fatores que conduziram a esse cenário, está o excessivo endividamento da população da época, motivado pela enorme facilidade de conseguir empréstimos bancários somado à inexperiência dessas pessoas no âmbito financeiro. O Brasil passa, atualmente, por uma grave crise econômica, que atinge, principalmente, a classe média em geral, situação na qual a deficiência na educação financeira entre os brasileiros se destaca entre as causas desse processo. Nunca antes foi dado ao trabalhador brasileiro tamanho poder de compra, como ocorre nos dias atuais. Esse processo é, cronologicamente, recente, visto que só foi possível após a superação de entraves econômicos que, até meados da década de 90, ainda assolavam o país. Em condições tão favoráveis, juntamente com o avançado estágio de globalização no qual o mundo se encontra, quando novos produtos são lançados freneticamente, tornando seus antecessores obsoletos, é realidade incontestável a tendência a comprar cada vez mais. Tal situação em um contexto no qual boa parte da população não tem a menor preocupação com o controle de gastos pode gerar grandes problemas tanto à escala pessoal quanto à escala nacional. Isso ocorre por que uma população descontrolada financeiramente gera, por conseguinte, uma sociedade altamente endividada. Em um cenário como o supracitado, a economia seria gravemente prejudicada (Uma vez que, quanto maior o endividamento de uma população, menor seu poder de compra), atingindo, em um “efeito dominó”, todo o sistema estatal e, dependendo da influência do Estado em outros países, bem mais que isso. A partir do exposto, é perceptível que a educação financeira é, sim, muito importante, não só para o setor econômico de um país, mas para todo o conjunto nacional. Os exorbitantes percentuais de brasileiros economicamente descontrolados se devem, essencialmente, ao fato de tais pessoas, em sua maioria, não terem sido devidamente instruídas durante suas formações pessoais no referente ao consumo consciente. É com base nisso que se entende que para o país progredir no que tange ao assunto, deve-se agir pensando, primeiramente, nas crianças e nos adolescentes, ainda em fase de formação de ideias. Isso deve ocorrer através do incentivo das esferas federal, estadual e municipal na instalação de disciplinas exclusivas para a educação financeira nas escolas e na midiatização do assunto, em meios comunicativos como a internet e canais de TV aberta. Além disso, palestras devem ser fomentadas pelo setor público no sentido de instruir as famílias sobre como agir corretamente enquanto consumidores e instrutores das suas crianças. A partir do momento que tais medidas forem postas em prática, a mudança será gradativamente efetivada, visto que, de acordo com Oscar Wilde,influente escritor britânico, “O primeiro passo é o mais importante da evolução de um homem ou nação”.