Oposta a dificuldade de se datar uma origem à cultura do estupro, há a facilidade de reconhecê-la na rotina brasileira. Desde sua manutenção até seus termos e nomes persiste mais esse tipo de violência. Em primeira instancia é imprescindível pautar que não há causa ou motivo plausível a um estupro. O que precisamos considerar é todo o ambiente propicio criado em conjunto por governo, mídia e comunidade à naturalização dessa pratica. Há uma não estrutura estatal que dificulta a vida das mulheres. Falta de segurança pública, pessoal preparado ao atendimento das vitimas, saúde de qualidade e educação são alguns exemplos. Em seguida encontram-se todas as propagandas e anúncios que objetificam e utilizam a mulher como produto junto ao que se vende. E ainda uma população que estimula os meninos a serem “homens de verdade” e as meninas a se darem o respeito e se submeterem. Para tornar mais árduo o trabalho sobre o assunto, lidamos ainda com o termo cultura. É preciso entender e discutir esse rótulo. Didaticamente, aprendemos que cultura é o conjunto de tradições, costumes e religião de um povo ou nação. Atualmente nos chocamos com um outro conceito de cultura, aquele que traduz a repetição de um padrão comportamental derivado de um pensamento enraizado. Estupro é violência, é crime e está, de pouco a pouco, acabando com nossa sociedade. Os afro-brasileiros fazem parte de nossa identidade cultural, mas a escravidão já deixou de ser cultura. Portanto, é necessária uma modificação nacional para esse problema que assola todos os cantos desse Brasil. O Estado deve cumprir com sua parte e designar as verbas necessárias a segurança e justiça de seu povo. As mídias precisam mudar totalmente seus padrões propagandísticos. Mas essencialmente, à sociedade é imprescindível uma revolução, em termos educacionais, de valores éticos e morais e de tradição. Sem Boi Bumbá não seremos os mesmos, mas sem estupro seremos muito melhores.