Título da redação:

Idade Média no século XXI

Tema de redação: A cultura de estupro no Brasil

Redação enviada em 09/09/2016

A construção da cultura do estupro no Brasil se dá através da justificação à violência contra a mulher, como também a banalização e legitimação do ato, em grande parte isso acontece devido à disseminação da ideia de que o valor da mulher está diretamente ligado a suas condutas morais e sexuais. Além disso, a mídia e todo poder que possui, incentiva através de novelas, propagandas e músicas, comportamentos reprováveis como, por exemplo, as cenas de novelas que mostram violência sexual e romantiza os homens que as praticam. Não há dúvidas de que o machismo vigora no Brasil e é uma herança da colonização lusitana. De certa forma, esse tipo de comportamento foi primordial para desenvolver a cultura do estupro, em que os homens tentam justificar o ato com argumentos falidos, isto é, culpabilizam a vítima devido à roupa que estava usando, ou até mesmo pelo fato de estar drogada ou bêbada. Como resultado, casos de estupros e de violência contra a mulher cresceram, a Super Interessante divulgou uma pesquisa, a qual relatou que cerca de 58% dos entrevistados acreditam que as mulheres têm parcela de culpa sobre os estupros que sofrem, o que mais surpreende é que dentro deste percentual existe opiniões de mulheres também. No Brasil, há formas muito mais sutis que remetem a essa cultura como fotos e vídeos que são gravados no ato e depois são expostos na internet, o próprio assobio, as “cantadas” de mau gosto e o assédio através da passada de mão em partes do corpo, principalmente em festas, são exemplos de que a cultura não é representada apenas pelo ato de estuprar. No entanto, a própria família, assim como a sociedade, julga apenas a vítima, e tenta entender o lado do estuprador. No Rio de Janeiro, em junho deste ano, aconteceu um episódio de estupro coletivo, uma mulher contra trinta homens, todavia a maioria das pessoas, principalmente nas redes sociais, presumiram que a vítima não deveria frequentar lugares como a favela. Para alguns psicólogos, como Verônica de Paula, parte da sociedade julga a vítima por ela não se enquadrar nos padrões idealizados da mulher correta, aquela que cuida da casa, do marido e dos filhos. Nesse contexto, a cultura do estupro deve ser combatida em vários setores. Em primeiro lugar é de grande importância ressaltar que as pessoas são formadas com base naquilo que elas ouvem e convivem em casa, ou seja, é dever da família ensina-las a não tratar os outros como objeto. Além disso, deve existir uma punição mais severa dentro da legislação brasileira, assim como é dever do Governo impedir que a mídia não extrapole sua liberdade de expressão para que não fira os direitos das mulheres. Por fim, no Brasil, há uma deficitária polícia que, na maioria das vezes, nem sequer recebe as denúncias, mas já há autoridades sensíveis para levarem o caso adiante como a Corregedoria e o Ministério Público. Assim, espera-se que a cultura do estupro não seja algo tão normal como é tratada atualmente.