A teoria evolucionista formulada por Darwin no século XIX afirma que o homo sapiens -homem moderno- derivou-se de um longo processo até a concretização do atual intelecto. Todavia, mesmo racional, ainda há quem defina o instinto masculino como causa para os inúmeros casos de estupro no Brasil, desconsiderando assim, a razão lógica. Nessa conjuntura, é válido analisar a cultura do estupro na perspectiva do autor, pelo machismo, e da vítima, pelo receio a coerção social. Precipuamente, a mentalidade da prepotência masculina continua vigente no país, resultando na objetificação feminina e banalização do estupro. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. De maneira análoga, é possível salientar que os constantes assédios, assobios e cantadas se enquadram na teoria do sociólogo, uma vez que, uma criança observa esse comportamento na sociedade e tende a reproduzi-lo. Dessa forma, a continuidade de práticas que incitem a violência sexual funciona como agente perpetuador desse quadro lamentável. Nesse ínterim, é coerente ressaltar o teor pejorativo à vítima, tornando-a culpada pelo ato. Como exemplo, pode-se observar o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, na Zona Oeste do Rio, no qual, o delegado responsável pelo inquérito foi afastado após culpabilizar a menor. Conforme o acontecido há outros inúmeros casos de repreensão as denúncias, principalmente, quando o responsável é o próprio membro da família ou conhecido da mesma. Desse modo, a vítima que é abusada cala-se com medo de ser julgada, resultando, no boletim de ocorrência de menos de 10% dos casos. É evidente, portanto, que o paradigma atual que penaliza as vitimadas necessita mudar. Para isso, é preciso que o Governo Federal disponibilize cursos aos funcionários das cadeias, preparando-os para lidar com as jovens, assim, garantindo que estas não sejam julgadas. Além disso, o Ministério da Educação, junto às emissoras abertas, devem criar campanhas contra o machismo e a cultura do estupro, implicando em uma mudança gradual da mentalização brasileira. Com isso, a evolução proposta por Darwin progredirá, ao invés, de regredir.