“Todos são livres e iguais em dignidade e direitos”. Transpondo o artigo 1º da Declaração dos Direitos Humanos para o atual contexto social brasileiro, percebe-se que esse ideal, de liberdade e igualdade plena a todos, ainda não é efetivo, como observa-se na questão do estupro em pleno século XXI. Tal problemática ainda é um forte dilema sobre de quem seria a culpa, da vítima ou da sociedade preconceituosa. A partir desse contexto, é válido analisar quais são as origens dessa cultura do estupro,bem como o reflexo da manutenção desse problema na sociedade. Primeiramente, é importante entender que a violência sexual não é um fenômeno recente. Isso porque a sociedade, ainda, é regida por a cultura patriarcal tradicionalista intolerante que coloca a mulher em um lugar de submissão ao homem e que, como propriedade, não tem poder de escolha nem sobre seu próprio corpo. Tal fato, ainda, é bastante propagado em filmes, novelas e propagandas e acaba se arraigando na população, que passam a aceitar esses estereótipos como algo normal e natural. Exemplo disso são os anúncios publicitários, principalmente de cervejas, que objetificam a mulher e colocam-as sempre a serviço homem. Observa-se, ainda, que a impunidade é um grande agravante para a manutenção desses crimes de estupro. Isso ocorre porque a burocracia e lentidão do sistema judiciário abre oportunidade para prática dessas violências. Tal ato gera uma insegurança nas vítimas que preferem não denunciar os criminosos por medo que eles possam voltar e se vingar, fazendo com que fiquem livres para praticar novos crimes. Isso gera uma crise moral, na qual os valores que mantinham a harmonia social são quebrados fazendo com que se instaure um estado de anomia social, no qual parece não existir leis, como afirmado pelo sociólogo E. Durkheim. Compreende-se, portanto, que as violências sexuais tem suas raízes no passado mas que, por imprudência, ainda perduram no presente. Devido a isso, é necessário que o Estado regule melhor as propaganda que transmitem esses ideias preconceituosos sobre a mulher, por meio de maiores fiscalizações e aplicação de multas. Concomitantemente a isso, é importante que o Ministério da Justiça fique mais atento a esses crimes de estupro, para acelerar e condenar os criminosos, garantindo uma maior segurança às vítimas para que elas continuem a denunciar esses casos. E com isso por fim em crimes dessa natureza, garantindo uma maior igualdade de gênero. Afinal, como já afirmado Milton Santos:”O que se pretende não é um país perfeito, mas com melhorias possíveis”.