Título da redação:

De quem é a culpa?

Tema de redação: A cultura de estupro no Brasil

Redação enviada em 28/06/2016

O machismo está presente há séculos no cotidiano dos brasileiros, fazendo com que a mulher seja taxada como “sexo frágil” perante a sociedade. O olhar preconceituoso da maioria das pessoas vê o homem estuprador como uma pessoa que não consegue conter seus instintos, já a mulher, passa a ser vista como um objeto, que muitas vezes "pede" pela agressão. Assim, essa concepção machista criou uma cultura de estupro que permeia a população e corrompe a vida de inúmeras mulheres. Segundo os índices de uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cinquenta e oito por cento das pessoas acreditam que se as mulheres soubessem se vestir e se comportar melhor, haveria menos estupros. É inaceitável acreditar que mesmo após anos de luta contra o preconceito sexual e pela busca de igualdade entre homens e mulheres, ainda exista um grupo majoritário de pessoas que culpam a vítima. Contudo, o maior problema é o silêncio das vítimas. Segundo dados da revista Carta Capital, o país sofre com mais de 500 mil estupros por ano, sendo que apenas 10 por cento chegam a polícia. O motivo do silêncio é claro para todas as vitimizadas: medo do julgamento, pois esse é o único crime em que a vítima precisa provar sua inocência. Devemos ressaltar também, que ocorre inúmeros casos, de mulheres que são violentadas em âmbito privado, praticado por conhecidos, sejam eles parentes, amigos, ou até mesmo parceiros íntimos; e raramente, esses casos são interpretados como estupro, assim, a mulher não dá procedência à denúncia. A delegacia é vista como uma barreira para a justiça, pois na maior parte dos casos, são homens que interrogam e cuidam dos casos das vítimas, e algumas vezes, esses policiais podem culpá-la. Por exemplo, o caso da menina que sofreu estupro coletivo no Rio de Janeiro, teve um claro exemplo de culpabilização da vítima pelo delegado que trabalhava no caso, por sorte, seu machismo foi notado e ele foi afastado das investigações. Desse modo, é evidente que o estupro está presente na sociedade. Portanto, cabe ao Estado uma reformulação jurídica que possibilite maior rigor e celeridade com esses processos para que os agressores não fiquem impunes, independente da complexidade do crime. À mídia, cabe ser incisiva e repetitiva no que se refere à formação e mudança de comportamento do homem. E ao homem, cabe buscar o olhar crítico, e olhar a mulher como um ser do sexo oposto, mas como não possuidor do direito de usá-la como um objeto, cabe sair da caverna. Dessa forma será possível que o Brasil combata essa violação de privacidade.