Desde os primórdios de sua formação, a sociedade brasileira vem, cada vez mais, solidificando os pilares de uma cultura patriarcal e promotora da desigualdade de gênero. O menino é ensinado, como um predador, a se defender e a garantir sua caça. A menina, por seu turno, deve assumir o papel da presa que, sob pena de ataque, mantém-se reclusa e amedrontada. Conquanto o país venha tendo grandes avanços no que diz respeito aos direitos civis e aos indicadores de desenvolvimento humano, há ainda muito a ser trabalhado. Mulheres de todas as regiões do Brasil são abusadas diariamente e, na maioria dos casos, não conseguem se defender, porquanto seus direitos vêm sendo sufocados por ideologias machistas que interferem até mesmo nas decisões do Judiciário. Ademais disso, é sabido que grande parte dos casos de violência sexual se dão em âmbito doméstico. Um grande exemplo disso foi o caso maranhense que estampou os jornais de 2010. Um senhor de 54 anos abusava de sua filha desde quando a mesma ainda tinha 12 anos de idade - a situação se manteve por 17 anos. Ficou comprovado também que o cidadão teve sete filhos com ela e que duas dessas crianças - com idades de 5 e 7 anos - apresentavam indícios de abuso sexual. Com isso, percebe-se que a cultura do estupro possui grande influência sobre o comportamento do cidadão brasileiro. Para que esse quadro mude, várias medidas deverão ser adotadas. Por parte da escola, deverá ser mantida uma postura de repreensão contra comportamentos machistas. As instituições de ensino deverão debater com os alunos e instruí-los sobre a importância da igualdade de gênero para um convívio mais humano e saudável. As mulheres, por sua vez, deverão reagir de forma mais enérgica quando seus direitos forem desrespeitados. Caso o Judiciário não resolva um caso de estupro ou assédio, ele deverá ser denunciado à sociedade por intermédio da mídia.