No Brasil, a estrutura patriarcal ainda é muito presente em grande parte das famílias, em que, garotos ainda na infância, podem ser educados vislumbrando as mulheres como alguém inferior e frágil, e através desse falso ideal, podem, ao crescer, tentar obter alguma vantagem em relação a elas. Tal fato pode ser impulsionado por o agressor ter consciência de que dificilmente, a agressão será flagrada ou descoberta pela polícia. Mas será que de fato existe uma cultura de estupro no Brasil? A educação familiar é a primeira base social estruturada no indivíduo, e será através desta na qual, segundo Immanuel Kant, a bússola moral será ajustada à sociedade. A mulher de fato é, biologicamente, mais fraca que o homem, até mesmo por uma questão hormonal, dado a sua baixa taxa de testosterona, e que indivíduos com uma bússola moral distorcida poderão sentir-se no dever de se aproveitar de tal vantagem, impondo o seu desejo através de atitudes sexuais, como o assédio e estupro. Tal pensamento oportunista pode ser comprovado por dados do Ministério da Saúde, que indica que 70% das estupradas são crianças ou adolescentes, em que o desejo do agressor pode ser imposto de forma menos agressiva, dada a fragilidade da criança ou até mesmo a sua inocência, pois grande parte dos agressores são próximos às vítimas, como parentes ou amigos da família, por exemplo, favorecendo a manipulação de uma falsa confiança. Segundo o IPEA, a polícia recebe em forma de denúncia cerca de 20% de todos os estupros que ocorrem no Brasil, e vários de seus inquéritos não resultam em condenação, pois em diversos casos faltam provas, ou a denuncia é feita muito tempo depois do fato ocorrido. A maioria das vítimas não querem ser submetidas ao constrangimento que podem passar dentro da família, de delegacias ou tribunais, mantendo o silêncio, especialmente se o estupro for feito pelo companheiro da vítima, acarretando um maior constrangimento, justamente por não envolver apenas o agressor, mas a família de ambos. Portanto, o termo “cultura de estupro” pode ser forte demais para designar à toda sociedade masculina¬¬¬¬, um conceito distorcido da moral de certos indivíduos não pode ser generalizado, pois é certo afirmar que o estupro é repulsivo para a maioria da população, então uma atitude da minoria não deve ser levantada como “cultura”, mas deve ser amplamente combatida, atingindo primeiramente a segunda base social: a escola. A escola deve ajudar a combater a histórica estrutura patriarcal, exaltando o papel da mulher na sociedade contemporânea, desvinculando laços machistas que possam existir. A polícia civil deve estimular a denúncia a crimes sexuais nas escolas, através de panfletos e palestras, e nos grandes meios de comunicação, como rádios, internet e tv. Já os condenados pelo crime de estupro devem sofrer penas mais severas, permanecendo por mais tempo afastado da sociedade, não tendo chance de progredir a pena, evitando pelo máximo de tempo o contato do condenado com outras mulheres, ajudando a evitar a reincidência.