Título da redação:

A cegueira obsoleta

Tema de redação: A cultura de estupro no Brasil

Redação enviada em 25/07/2016

Desde o início da colonização no Brasil, no século XVI, as mulheres eram consideradas objetos sexuais. Com a premissa de que o sexo feminino era submisso ao masculino, desenvolveu-se na sociedade um comportamento obsoleto baseado na inferiorização feminina – o “sexo frágil” – e na superioridade masculina, intensificada através do abuso sexual perverso. Historicamente, o “país do Carnaval” passou por um processo de alienação cultural, visto que a função social da mulher resumia-se à submissão. Proibir o voto feminino, repudiar vestimentas “inapropriadas” e onerar atitudes revolucionárias são exemplos históricos de desigualdade e agrura sofrida por um sexo cujo sonho é o respeito. Ademais, o abuso sexual proliferou-se no país como a Peste Negra: uma epidemia existente e ardente, todavia banalizada cruelmente. Tal violência ocorre arcaicamente no século XXI, já que a mídia retrata diariamente – através de propagandas abusivas – o regozijo feminino em ser objetificada sexualmente. Assim, as mulheres são violentadas e abusadas e torturadas e forçadas e julgadas e oprimidas e culpadas e punidas, como um polissíndeto representando o preconceito e a persistência intolerante da cultura de estupro. Dessa forma, negligencia-se o estupro e os dados anuais sobre tal crime, tendo em vista a obsolescência do pensamento social ao retratar a mulher como culpada e não como vítima. A objetificação sexual feminina e a superioridade dos agressores são discursos de ódio perpetuados por uma sociedade imersa em uma areia movediça nociva e que sofre com uma cegueira secular. Portanto, é necessário que tal cegueira seja combatida com um poderoso colírio: o respeito. Quanto mais o Governo investir em campanhas de cunho nacional sobre o tema, maior será a mobilização da população. Deve-se enfatizar, em escolas, a importância da igualdade de gênero juntamente com o apoio às vítimas de estupro, além de exacerbar a fiscalização legal anual sobre tais casos. Postergar os debates acerca de tal violência não é a solução; incentivar o pensamento crítico é a chave para a evolução.