No início do século XX ocorreu no Rio de Janeiro a famigerada Revolta da Vacina. A Prefeitura Municipal implantou uma campanha de vacinação compulsória, que trouxe enormes benefícios à coletividade, porém, um grande tumulto social. Atualmente, no Brasil, observa-se certo avanço no distanciamento da população em relação ao pensamento científico. Tal como o fato histórico ora apresentado, as pessoas vêm se apegando cada vez mais ao senso comum para as diversas explicações dos fenômenos do cotidiano. A compreensão das coisas pelo senso comum é intrínseca a natureza do ser humano. Nesse prisma, apesar dos avanços científicos alcançados até a contemporaneidade, ainda percebe-se certa resistência de parte da sociedade em confiar na ciência. Um caso exemplar é a alta rejeição da vacina antigripal pelos idosos, porque se propagou a falsa ideia que essa imunização gera malefícios a saúde. Nesse contexto, parte do descrédito no pensamento científico no país do futebol ocorre em consequência indireta dos baixos níveis de investimentos governamentais nas instituições de pesquisas. Segundo a ONG Betelle, apenas 1,3% do PIB brasileiro é aplicado em programas de pesquisas científicas. Desse modo, a sociedade não costuma ver nos noticiários, com frequência, casos emblemáticos de descobertas relevantes por estudiosos brasileiros, gerando a enganosa sensação de uma ciência deficiente. Segundo René Descartes, não existem métodos fáceis para solucionar problemas difíceis. Portanto, cabe ao Ministério de Ciência e Tecnologia buscar junto ao Pode Legislativo permissão para ampliar os investimentos nos setores de pesquisas das universidades, propiciando avanços mais robustos em todas as áreas da ciência. Assim, consequentemente, os meios de comunicação divulgarem com mais intensidade os casos de sucesso das pesquisas brasileiras, fomentando no cidadão a confiança no pensamento científico em detrimento do senso comum como fonte de verdade absoluta.