Em meados do século XIX, a população brasileira defendia amplamente os avanços da Ciência graças ao estímulo do Realismo. Essa escola literária tinha em suas obras um forte informante da relevância dos ''frutos'' científicos no cotidiano. Entretanto, no século XXI, a falta de conhecimento sobre o destaque do Brasil no cenário mundial, prepara o terreno propício para a ineficácia na reivindicação de investimentos em pesquisa. Assim, a credibilidade da população nesse setor e o desenvolvimento socioeconômico do país ficam comprometidos. Nesse ínterim, é possível afirmar que a falta de uma ''cultura da Ciência'' na população permite a instabilidade nos investimentos do governo. Prova disso, é o fato de a maioria do país desconhecer a liderança do Brasil no uso de energia renovável e na criação da vacina da dengue, por exemplo. Com isso, movimentos como a Marcha pela Ciência, que critica o corte de 44% nos investimentos tecnológicos, tem pouca notoriedade. Dessa maneira, essa conjuntura reflete negativamente no Índice de Desenvolvimento Humano nacional, impactando a própria maioria alienada da sociedade. Todavia, esse impacto ocorre não só na qualidade de vida, mas também nas condições de trabalho dos cientistas. Por conseguinte, com laboratórios sucateados e sem retornos em suas pesquisas, esses profissionais tornam-se descrentes, o que aumenta a ''fuga de cérebros'' para o exterior. Destarte, o país deixa de ser um grande produtor de cérebros, como Santos Dumont e Carlos Chagas, para ser um grande exportador. Outrossim, essa descrença no meio científico repercute nos jovens sem perspectivas na carreira científica. Faz-se necessário, portanto, um esforço conjunto para reestruturar a mentalidade sobre a Ciência no Brasil. Para tanto, a mídia engajada deve elaborar programas voltados para o público infanto-juvenil, com o intuito de instigar o interesse. Ademais, os jornais e revistas devem divulgar programas como o ''Pint of Science'', o qual leva a ciência ao público leigo nos bares. Além disso, o Ministério da Ciência deve promover palestras ministradas por pesquisadores nas escolas e empresas, de maneira a conscientizar a população sobre a relevância mundial da tecnologia brasileira, propondo a valorização de tecno-polos e mais investimentos. Desse modo, ocorrerá maior defesa à tecnologia brasileira, a qual era vista, assim como no Realismo, como um recurso ao desenvolvimento nacional.