A historiografia do mundo ocidental durante anos referiu-se a Idade Média como Idade das Trevas. Nesse contexto, acreditava-se que devido a dominação da igreja católica, os indivíduos viviam sem o uso da razão para lidar com questões simples do cotidiano, como as estações do ano. Analogamente, o Brasil passa por um processo semelhante, em que a crescente descrença na ciência tem levado algumas pessoas a agirem radicalmente, comprometendo, tanto a própria, como as demais vidas. A priori, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a sociedade moderna estaria desacreditada das instituições devido as muitas promessas feitas e não cumpridas ao longo dos anos. Seguindo esse pensamento, é perceptível o crescente movimento de grupos que se opõem às normas propostas por pesquisas científicas. Dessa maneira, alguns pais já deixam de vacinar seus filhos por causa da associação infundada entre tal prática e o desenvolvimento do altismo. Fato frequente nos Estados Unidos e que ganha espaço no Brasil, de acordo com recente matéria do Jornal Estadão. Outrossim, a formação cristã do Brasil facilita a manipulação feita por grupos ou pessoas com interesses particulares. Dados do IBGE afirmam que o cristianismo é a religião majoritária no país, haja vista a catequização e predominância da igreja católica durante o desenvolvimento da nação. Nesse viés, o embate já existente entre ciência e religião ganha uma maior polarização, principalmente, nos discursos inflamados de pessoas influentes com fins políticos. Dessa maneira, a Bancada Evangélica ganha destaque no cenário e a vida pública recebe cada vez menos a influência da visão imparcial proposta pelo método científico. É indubitável, portanto, que o Ministério da Educação precisa estimular a curiosidade e o desejo pelo saber científico. Para tal, deve desenvolver feiras científicas nacionais, premiando os colégios e alunos de destaque. Além disso, é fundamental que a mídia aproxime a ciência do cidadão comum, desenvolvendo propagandas educativas que possuam linguagem didática e a participação de especialistas. Ademais, o indivíduo deve fiscalizar as decisões tomadas no congresso por meio dos telejornais e sites do governo, mas também se informar, realizando pesquisas online, a fim de evitar a crença em discursos falaciosos. Sendo assim, o país poderá superar as amarras de sua colonização e a desconfiança nos preceitos científicos.