Título da redação:

A ciência que se pode fazer

Tema de redação: A crescente descrença no pensamento científico no Brasil

Redação enviada em 30/08/2017

A Idade Média ficou conhecido por "Idade das Trevas", única e exclusivamente, pelo fato de ter lançado a humanidade num ambiente obscuro, onde a fé, a tradição e os mitos se sobressaíam em detrimento do método científico. Não era incomum que a ocorrência de chagas, como a Peste Negra, fossem atribuídas aos pecados humanos e prognosticadas com rezas. Nesse sentido, a "Idade Média" dos tempos contemporâneos configura-se como ausência da ciência nas bases de desenvolvimento e pensamento de uma nação. Sendo, portanto, frutos da omissão do Estado e da subordinação técnica aos países desenvolvidos. Em primeira análise, a ciência é um produto da educação. Quando há descumprimento do dever constitucional em garantir uma escola de qualidade, há de se prever que essas não funcionarão corretamente, e , portanto, afetará também a capacidade de produzir conhecimento. Parafraseando Bauman, " A educação é um fruto que se colhe a longo prazo", se esclarece os motivos pelos quais o imediatismo que imperou ao longo dos modelos nacionais de desenvolvimentos, na história, têm gerado resultados tão negativos. Sempre privilegiando a importação de idéias em detrimento das produzidas em âmbito nacional. Diante disso, põe-se como exemplo a criação de uma extensa rede rodoviária de transporte em vez de dar espaço para o surgimento de uma rede aquaviária, que poderia aproveitar os longos cursos de rio, ou metroviária, mais adequada às dimensões continentais do país. Além do mais, muito do que a indústria produz atualmente, é subsidiado com tecnologia de outrem, a montagem de aeronaves na Embraer e a de exploração de petróleo nas camadas de pré-sal pela Petrobrás, duas fortes empresas nacionais em seus respectivos segmentos, são um forte exemplo disso. Esse estigma de pensar que tudo que vem de fora é melhor, legitimado pelas ações de governo, descredibiliza a produção científica nacional. Esse conjunto de coisas supracitadas denotam a postura que o país assume perante seu futuro. Uma vez evidente o papel da ciência no desenvolvimento das nações, esse comportamento praticamente sacramenta as intenções nacionais de continuar sendo dependente e subordinado ao primeiro mundo. Nesse diapasão, fazer ciência é a última das opções a ser considerada pelo brasileiro médio, e, aquele se arrisca a fazer, sofre constantes frustrações geradas pelos cortes do governo nas bolsas acadêmicas e científicas. Uma vez assimilada a impossibilidade das mudanças e descrença generalizada, os cientistas brasileiros evadem-se para outro local, geralmente Estados Unidos ou Canadá, onde terão seus valores e esforços reconhecidos, agravando, portanto, ainda mais essa problemática que se perpetua. Diante dos fatos supracitados, cabe empreender importantes mudanças que transformem positivamente esse quadro. Primeiramente, deve o Governo Federal, por meio dos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, não apenas revigorar as bolsas já existentes, como incrementá-las em termos financeiros e de pesquisa, a fim de incentivar a ciência e aqueles que a tornam possível. Essa também deve ser contemplada ainda nos primeiros degraus da vida escolar: sendo incluída como tópico na diretriz curricular do ensino fundamental e médio, e realizada em ambiente propício, como laboratórios de química, informática, robótica e até mesmo oficinas de sociologia e filosofia. Visando, primordialmente, a condução, desde cedo, do indivíduo ao fazer científico.