Título da redação:

Mobilidade Urbana: Transformações Shakespearianas.

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 15/11/2017

As civilizações antigas, como a grega e a romana, associaram o desenvolvimento da sociedade ao processo revolucionário de urbanização, que desencadeou a formação de grandes cidades naquela época. Ainda hoje, inclusive no Brasil, a urbanização encerra a formação de grandes centros, que envolvidos pelo cenário tecnológico, além de produzirem cidades globais, revelam diversas problemáticas para o ambiente social. A partir desse contexto, é pertinente analisar os elementos geradores da crise de mobilidade urbana no Brasil. Primeiramente, é válido apontar a decadente infraestrutura das vias urbanas brasileiras como limitadora da mobilidade no País. Isso acontece devido à péssima qualidade das ruas e avenidas brasileiras, que apresentam uma estrutura física comprometida, implicando a necessidade de redução de velocidade em trechos cuja movimentação é elevada. Ademais, a falta de ciclovias em localizações estratégicas, adequada como alternativa para o uso de transporte automotivos, resulta no engessamento da fluidez urbana, ao não possibilitar a redução do número de veículos nas ruas. Dessa maneira, é compreensível justificar porque Comitês Olímpico Mundial exigem tão grande investimento em infraestrutura urbana para a candidatura de cidades sedes às Olimpíadas. Tomando outra perspectiva, observa-se que a ausência de um transporte público eficaz acarreta uma deficiente mobilidade urbana. Este fato encontra-se associado à função atribuída ao transporte público de um país, que em seu cerne deve garantir o deslocamento de grandes quantidades de pessoas, com qualidade e em um curto espaço de tempo. Entretanto, quase sempre, este instrumento de mobilidade, centrado no modal rodoviário e não ferroviário, não executa sua atribuição devido à péssima qualidade da infraestrutura urbana brasileira e à ausência de transportes públicos com capacidade suficiente para fazer o deslocamento de grandes públicos. Um bom exemplo, diferentemente do cenário nacional, pode ser verificado na cidade de Seul, que após a ampliação das suas linhas de metrôs conseguiu diminuir o tempo de deslocamento entre o centro e o subúrbio e aumentou a livre circulação dos veículos nas vias públicas da capital coreana. Diversos fatores contribuem, portanto, para acarretarem uma crise de mobilidade urbana na sociedade brasileira. Nessa perspectiva, é valido motivar o Governo Federal, juntamente com o Governo Estadual e as Prefeituras, a investir em um plano de reestruturação das vias públicas brasileiras, através do estudo e planejamento estratégico dos acessos locais, viabilizando rodovias com qualidade para atender ao deslocamento urbano atual. Além disso, seria importante oportunizar, através de parceria entre empresas públicas e privadas, o desenvolvimento de pesquisas no ambiente universitário que propusessem modelos alternativos de transporte público de qualidade. Afinal, assim como pontuava Shakespeare em Hamlet, o homem é uma obra de arte, que é nobre na razão, infinito nas faculdades e determinado nas ações, podendo, dessa forma, dele esperar grandes transformações.