Título da redação:

Mobilidade crítica

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 05/03/2017

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser compreendida como um “corpo biológico” em constante interação. Dessa forma, para que esse organismo mantenha essa relação igualitária e coesa, é essencial que os direitos de todos os cidadãos sejam assegurados. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, uma vez que no século XXI, a comunidade ainda é vítima da crise de mobilidade urbana. Esse quadro de persistência da crise de locomobilidade é fruto, principalmente, da cultura de valorização do carro e da falta de planejamento urbano por parte do poder público. Ao longo da formação do território brasileiro, mais precisamente, em 1960, durante o governo de Juscelino Kubitschek, deu-se início a abertura econômica brasileira ao capital internacional, promovendo, assim, a expansão da indústria automobilística, com a vinda de fábricas estrangeiras, como a Volkswagen (Alemanha). Nesse sentido, seguiu-se, então, a política do "rodoviarismo", proposta em 1928, pelo presidente em exercício, Washington Luís, com o lema “Governar é abrir estradas”. Nessa perspectiva, o carro passa a ser objeto de desejo da população, visto que esse tem vantagens em relação ao meio de transporte coletivo. Entretanto, hodiernamente, esse fascínio pelo veículo particular contribui para o desenvolvimento de um trânsito caótico com engarrafamentos, pois, mesmo os grandes centros não estão estruturados, apresentam asfaltos esburacados, má sinalização e iluminação, para suportar esse fluxo intenso e desordenado de carros e motos. Por outro lado, a falta de planejamento urbano intensificou um problema já vivenciado, a carência de acessibilidade, posto que essa está intrinsecamente ligada ao planejamento das cidades, portanto, não há acesso sem planejamento. Desse modo, é evidente que essa insuficiência afeta o cidadão em vários níveis, um exemplo é a dificuldade de locomoção dos portadores de necessidade especiais, dado que os cadeirantes e deficientes visuais tem grandes dificuldades de deslocação, em virtude das condições precárias dos calçamentos. Convém ressaltar, ainda, a falta de rampas de acesso a essa parcela da população, o que intensifica ainda mais o problema. Em certa medida, a reação aos avanços nas políticas públicas voltadas a melhoria da acessibilidade, nos últimos anos, tem sido positiva, porém, fica evidente a necessidade de aprimorar as cidades. Fora os projetos já em vigor, o governo deve investir na reformulação dos centros, a fim de melhorar a acessibilidade urbana, construindo rampas de acesso em pontos estratégicos, adaptando as vias públicas e reestruturando os transportes coletivos para uma maior comodidade dos deficientes físicos e da população. Ademais, é necessário que a mídia desenvolva uma conscientização nas pessoas com relação ao uso dos transportes coletivos em detrimento do veículo particular, por meio de propagandas televisivas em horário nobre, já que é o horário com mais telespectadores. Por fim, a iniciativa privada deve buscar novas soluções, baseando-se em ideias que deram certo em outros países, contratando empresas capacitadas e com experiência no planejamento urbano e no sistema de transporte público, com a finalidade de incluir a todos.