“O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Essa frase foi lema do positivista Auguste Comte, o qual defendia que uma das únicas saídas para a evolução social seria por meio do progresso. Todavia, quando se observa a crescente crise da mobilidade urbana no Brasil, verifica-se um contraste com a defesa do filósofo, pois esse descaso retarda tal avanço, e segue intensamente a realidade do país. Nesse sentido, são cruciais a análise e a busca por soluções para os principais efeitos desse flagelo à sociedade. De antemão, é axiomático que a transgressão à Política Nacional de Mobilidade Urbana - PNMU contribui para as dificuldades de locomoção social no espaço urbano brasileiro. Segundo o ativista francês Victor Hugo, a primeira igualdade é a justiça. Contudo, hodiernamente, esse conceito encontra-se distorcido no Brasil, em razão de haver uma falha nos investimentos do poder público para a melhoria da mobilidade urbana do país, e isso acarreta a compra desenfreada de automóveis particulares, devido à precariedade dos transportes públicos e da falta de infraestrutura nos trânsitos, e isso compromete a segurança dos cidadãos e a qualidade do ar, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Outrossim, as pessoas que possuem necessidades especiais são as que mais sofrem com essa lastimável realidade, visto que ainda prevalecem situações em que as adaptações que facilitariam o tráfego desses indivíduos se encontram em estado deplorável, o que potencializa a exclusão social no país. Consoante o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade é como um corpo biológico, e sua anatomia precisa ser analisada com objetivo de se descobrir as causas de suas enfermidades e por fim remediá-las. Desse modo, constata-se que para o combate às mazelas sociais é imprescindível que os direitos constitucionais sejam garantidos igualmente aos cidadãos. Logo, com a finalidade de se alcançar o progresso, conforme a visão de Auguste Comte, urge que os Ministérios do Meio Ambiente e o da Cidade promovam estratégias eficazes, com investimentos necessários, para o avanço da mobilidade urbana no território nacional, mediante a criação de projetos que possibilitem a utilização mais ampla das hidrovias, ampliação das ciclovias e a universalização do uso de transportes públicos sustentáveis, como já utilizados fortemente nos Estados Unidos, no intuito de reverter o acentuado caos que o trânsito brasileiro sofre e harmonizar a relação entre o meio urbano e a natureza. Dessa forma, o Brasil dará um grande passo no seu desenvolvimento.