Título da redação:

GOVERNAR É ABRIR ESTRADAS

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 15/09/2016

Os anos de governo de Washington Luís foram marcados pela abertura de rodovias e estradas. Os de Juscelino, pelo surgimento da indústria automotiva. Porém, esse casamento entre ruas e automóveis não foi suficiente para construir São Paulo, por exemplo, aos moldes de Chicago. Sufocando rios embaixo de uma camada espessa de asfalto, a megalópole lida, hoje, como muitas outras cidades do Brasil, com o caos na mobilidade urbana. Tal problema, que afeta também a saúde da sua população, é causado pelo baixo investimento municipal em transporte coletivo e pela ínfima quantidade de vias destinadas ao transporte alternativo, como as ciclofaixas. Grandes cidades globais como Londres e Paris, ao contrário do que ocorre no Brasil, possuem uma população majoritariamente utilizadora do transporte público. Isso evidencia a necessidade de investimento nesse setor em uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes, como São Paulo. Convergentemente, a população se mostra receptiva à ampliação do sistema de transporte público: 90% dos entrevistados por uma pesquisa do IBOPE se coloca favorável à ideia e, ainda, 83% afirma passar a utilizar o serviço, caso atenda às suas expectativas. Dentre 2013 a 2014, o número de usuários dos ônibus aumentou 56% só na cidade de São Paulo. Além disso, as poucas ciclofaixas na cidade logo ficarão apertadas: a da Av. Paulista passou de 977 para 2.112 usuários em um ano, segundo dados da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo. Esse é o gatilho para suscitar uma ampliação das vias e um incentivo à utilização do meio pela administração, visto que está ocorrendo uma mudança - mesmo que por força maior - na mentalidade da sociedade, expressa em um crescimento de aproximadamente 116% no número de usuários. Como visto, o número de veículos no país superou a capacidade das estradas e a política adotada, de abertura de mais avenidas, há muito, não está sendo eficiente para sanar o caos instalado nas grandes cidades. A solução para o problema é o estímulo ao uso alternativo de locomoção, como a bicicleta, e maiores cabedais para a ampliação e qualificação do transporte coletivo, de modo que a população se sinta satisfeita e convidada à utilização do meio.