Título da redação:

Evolução

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 19/10/2016

Hoje, significativos gargalos marcam a malha de transportes dos grandes centros urbanos brasileiros. Esse cenário é oriundo de um expressivo processo de urbanização iniciado em 1960. Nesse período, houve um descompasso entre o crescimento das cidades e a capacidade de investimento dos municípios em infraestrutura. Assim, formou-se o crítico panorama da mobilidade urbana, o qual tem se intensificado nos últimos anos, acarretando prejuízos aos habitantes e à economia das cidades. Diversos aspectos sociais estão vinculados a essa questão. O direito de ir e vir, assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, não se faz presente no dia a dia de grande parcela da população. Nesse contexto, a superlotação dos transportes públicos, o elevado tempo de deslocamento e a não integração entre os diferentes modais de transporte são os principais entraves enfrentados pelos habitantes de grandes cidades. Dessa forma, a qualidade de vida dos estratos sociais menos favorecidos é significativamente prejudicada. Em muitos casos, é necessário acordar de madrugada para chegar na hora ao trabalho, o qual é limitado às áreas não muito distantes da moradia. Em outras situações, ocupam-se favelas e áreas impróprias para habitação, visando a evitar desgastantes deslocamentos diários. Além de a crise da mobilidade urbana ser problemática em termos sociais, também existem fortes implicações econômicas. A dinamização das atividades econômicas nas cidades depende de um sistema de transportes eficiente. Nos municípios brasileiros, entretanto, o deslocamento de mercadorias e pessoas é comprometido devido ao rotineiro engarrafamento, resultado do excesso de veículos circulantes. Por isso, o valor final de produtos e serviços aumenta, tornando-os menos competitivos. De acordo com uma pesquisa do IBGE, realizada em São Paulo, 83% dos entrevistados deixariam de usar o carro de houvesse transporte público de qualidade. Por conseguinte, percebe-se que a resolução dessa questão envolve a redução do uso de veículos individuais, o que aconteceria por meio de aprimoramentos na rede pública de transportes e da criação e ampliação de vias de locomoção alternativas, como ciclovias. Evidencia-se, portanto, que medidas devem ser tomadas objetivando amenizar as problemáticas que tangem à mobilidade urbana. Por isso, cabe ao governo municipal, ampliar e integrar os diferentes modais de transporte, atuando em parceria com a esfera estadual, por meio de investimentos em tecnologia de intermodalidade e da unificação de sistemas de cobrança de passagem, como acontece no Rio de Janeiro, com o “Bilhete Único”. Paralelamente, as ONGs são incumbidas de incentivar o uso de transportes coletivos e alternativos em detrimento do carro, visando à redução dos engarrafamentos nas cidades. Assim, tendo em vista o dito de Maurício de Morais “Problemas são oportunidades ímpares de evolução”, afirma-se: é tempo de evoluir.