Título da redação:

Contrariando Kubitschek

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 08/09/2017

Apesar de proferido pelo integralista Juscelino Kubitschek, o lema ''Governar é abrir estradas'' é intrínseco ao histórico brasileiro. Das estradas do café oligárquico às da automobilística de JK, o modal rodoviário afastou ''os olhos'' dos governantes aos modais alternativos. Assim, na contemporaneidade, a mobilidade urbana é uma ameaça à integridade psicológica e física dos cidadãos. Logo, o Direito Constitucional de Ir e Vir é deslegitimado cotidianamente, apartando o indivíduo dos bens e serviços e integrando, apenas, os danos do caos urbano. É preciso ressaltar, antes de tudo, que a herança do mal planejamento urbano brasileiro é uma grande concentração de recursos e serviços nas metrópoles. Por conseguinte, os cidadãos deparam-se com o exaustivo deslocamento em busca de qualificação e emprego, conjuntura que estimula a aquisição de carros particulares, uma vez que o transporte público é caro, escasso e estressante. Contudo, o stress não se restringe aos ônibus e metrôs, pois as rodovias lentas e lotadas comprometem o bem-estar dos indivíduos, frequentemente expostos aos gases poluentes, resíduos dos combustíveis, e susceptíveis às doenças respiratórias. Outrossim, transitar nos centros urbanos torna-se uma ato passível de várias formas de violência e de desconforto. Prova disso, é o restrito número de rampas nas calçadas, as quais recebem pouca manutenção, impasse que limita o acesso dos cadeirantes aos serviços urbanos. Por outro lado, uma violência explícita ocorre com os ciclistas, os quais são vítimas frequentes de assaltos ou são desrespeitados nas ciclovias, desestimulados a utilização desse transporte sustentável. Desse modo, de acordo com os fatos supracitados, é urgente a convergência dos diversos setores sociais para dinamização do transporte e garantia dos direitos cidadãos. Faz-se necessário, portanto, que Ministério dos Transportes aumente a frota e a qualidade dos ônibus, além de elaborar projetos para criar ciclovias, na perspectiva de abranger o espaço dos ciclistas. Aliado à isso, ONGs e peças midiáticas, como novelas e propagandas, devem estimular a utilização de bicicletas, na perspectiva de diminuir a emissão de poluentes e desobstruir o trânsito. Ademais, os prefeitos devem investir na construção de rampas e na manutenção das calçadas, para a ampliar a acessibilidade urbana. E, é imprescindível o estímulo ao estudo universitário sobre os modais que a geografia nacional pode fornecer, pois, contrariando JK, governar é incluir os cidadãos, e não criar estradas.