Estamos vivendo uma grave crise da mobilidade urbana no Brasil. Os engarrafamentos nas grandes cidades, salvo poucas exceções, aumentam desenfreadamente com o passar dos anos, sem grandes expectativas de melhora. O carro é o vilão mais óbvio dessa crise, visto que é um meio de transporte com baixo potencial de passageiros e ocupa muito espaço nas ruas. Porém, precisamos de melhores opções de transporte para poder abrir mão dele. A má qualidade e disponibilidade dos meios de transporte alternativos ao carro são as principais causas desse problema. Muitas pessoas justificam sua opção pelo uso do carro com base na precariedade em que se encontram os ônibus, ou na falta de uma eficiente malha metroviária. Nosso transporte público, além de deficiente, é também muito caro. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma cidade que ultrapassa os 40o C no verão, ainda existem muitas linhas de ônibus sem ar-condicionado, apesar de o último aumento da passagem ter sido feito atrelado a uma promessa de refrigeração completa da frota. Muitos governantes brasileiros tem tentado contornar essa situação por meio de corredores de BRT, sistema de ônibus rápido com alta capacidade de passageiros. Porém, essa solução sozinha não é suficiente. Uma grande cidade não pode ter seu projeto de mobilidade urbana focado apenas no sistema rodoviário, visto que este já está se mostrando extremamente saturado. A melhor solução para essa crise é investir na malha metroviária das cidades, abrangendo-a o máximo possível. Metrôs são seguros, rápidos e, principalmente, não geram engarrafamentos. Um bom projeto de mobilidade urbana deve utilizar-se do metrô para grandes deslocamentos, integrado com linhas de ônibus e ciclovias para menores distâncias. A opção por projetos apenas rodoviários está muito mais ligada a interesses de empresários de ônibus do que ao bem da população.