Assim como para a circulação sanguínea o fluxo lento do sangue aumenta as chances de aparecimento de coágulos, que podem impedir a circulação como um todo, a mobilidade urbana prejudicada pode interferir em toda a dinâmica de uma cidade. O problema da mobilidade urbana no Brasil está atrelado ao histórico crescimento desordenado da maioria das cidades brasileiras, que, em seu início, não possuíam planejamento para suas habitações, distribuição de ruas e meios de transporte pela cidade, além de não terem investido em melhorias no transporte público de massa. Tais fatos foram primordiais para o surgimento e crescimento do caos na mobilidade urbana. Tangente a esses aspectos, é possível traçar um padrão de desorganização e falta de planejamento para o surgimento e crescimento das cidades brasileiras. Em virtude disso, a mobilidade urbana tem se tornado uma questão recorrente nas discussões da sociedade, pois problemas de mobilidade podem afetar toda uma dinâmica econômica e social de uma cidade. Historicamente, as cidades brasileiras seguem um modelo de centro-periferia, em que, na maioria das vezes, não há a menor integração entre as duas partes, apesar de a força de trabalho ser, em sua maioria, de origem da periferia, o que gera dificuldades na locomoção dessa população. Esse padrão é observado em cidades mais antigas, como São Paulo e Rio de Janeiro, o que torna ainda mais explícito os problemas de trânsito que a população enfrenta, pois estes afetam o setor de serviços e todo o horário de trabalho da sociedade, que acaba gastando muito tempo se locomovendo pela cidade e, por consequência, possui menos tempo para se dedicar ao lazer e à família. Porém, em cidades planejadas, como Goiânia, Palmas, Teresina e Brasília, pode-se observar um fluxo de pessoas e serviços mais rápido do que nessas outras cidades. Além disso, somam-se a falta de investimento em transportes de massa e a falta de planejamento das ruas da cidade às causas da crescente dificuldade na mobilidade urbana. Em virtude dos investimentos precários nos transportes públicos, a maior parte da população opta pelo transporte individual, o que dificulta ainda mais a mobilidade dentro da cidade, pois as ruas encontram-se lotadas de carros. Esse problema, quando aliado à falta de planejamento das ruas, gera um número elevado de engarrafamentos, pois não há um escoamento adequado dos automóveis. Tais fatores se manifestam como ruas estreitas, número reduzido de frotas de ônibus, ausência de metrôs ou VLTs na maioria das cidades, integração precária entre as áreas da cidade, asfaltamento precário das ruas e outros fatores que reduzem ou atrapalham o fluxo do trânsito nas cidades. Dessa forma, os crescentes problemas de mobilidade urbana no Brasil precisam ser resolvidos para que a população possa ter uma melhor qualidade de vida. Logo, as prefeituras devem promover a integração entre as áreas da cidade e a pavimentação adequada das ruas para melhorar o trânsito. Isso deve ser feito através de um plano de urbanização da cidade, que tenha por finalidade remodelar o trânsito na cidade, alargando as ruas e construindo mais elevados para facilitar o fluxo, além de outras medidas que tenham como intuito diminuir o tempo que os automóveis ficam parados no trânsito, como corredores de ônibus, remanejamento das ruas com diminuição o número de semáforos, porém com aumento da conexão entre as ruas,isso sem prejudicar o trânsito de pedestres. Já o Poder Público, em todas as suas esferas, deve aumentar o número de veículos de transporte de massa e investir na qualidade destes para que a população opte por essa modalidade de locomoção invés dos carros individuais. Tal medida pode ser feita através da compra de mais frotas de ônibus, implantação de VLTs e metrôs nas cidades médias e grandes, além da substituição das frotas antigas por frotas novas, para oferecer um maior conforto para a população e também um deslocamento rápido entre os locais da cidade.