Sabe-se que o Brasil, desde seus primeiros passos enquanto nação em desenvolvimento, apresenta como principal modelo locomotivo o rodoviarismo e, sob o comando de Juscelino Kubitschek, estradas e rodovias foram rapidamente implementadas para integrar as regiões nacionais, parte importante de seu conhecido Plano de Metas. Todavia, o que JK não poderia antecipar era que, anos depois, um dos pilares de sua gestão se tornaria um grande problema social. A má gestão de recursos associada ao individualismo vigente é determinante para o agravamento da crise de mobilidade no país. Apesar de possuir dezenas de taxas tributárias como parte de sua estrutura econômica, ao que se refere aos transportes públicos, nota-se que há a deficiência administrativa desse setor do corpo social. Com o crescimento progressivo das cidades se evidencia o despreparo dos governos em atender às demandas de um novo perfil populacional, tornando o serviço público de traslados substancialmente mais precário. É possível observar que, no caso brasileiro, a ausência de recursos não configura um problema, e sim a falta de planejamento na utilização destes. Ademais, outro aspecto a ser considerado na discussão dessa problemática é o individualismo tão evidente nas sociedades modernas. Apesar da máxima de que nenhum homem é uma ilha, percebe-se cada vez mais o isolamento pessoal, e não seria diferente no trânsito, no qual, por muitas vezes é possível observar pessoas sozinhas em seus veículos, incrementando o já intenso tráfego veicular. Isso ocorre majoritariamente como resposta ao transporte publico insuficiente e a insegurança nas ruas, questões intrínsecas a dinâmica social brasileira atual. Depreende-se, portanto, que o individualismo vigente associado a má gestão dos recursos é determinante para o agravamento da crise de mobilidade urbana. Faz-se imprescindível que o Governo Federal em consonância com as prefeituras, realize por meio das Secretarias de Transporte uma reavaliação de gastos e investimentos, para que se invista em soluções a médio e longo prazo, como o incentivo ao uso de transportes alternativos e implementação dos de massa, como trens e metrôs. Campanhas publicitárias que estimulem a carona solidária e rodízios de placas também são válidas no intuito de mitigar tal situação. Dessa maneira, será possível que se dê continuidade de forma inteiriça ao desenvolvimento idealizado por Kubitschek.