Título da redação:

Anos Dourados Reescritos

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 14/09/2016

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XIX ao XX, houve um período que ficou marcado como "os anos dourados". Nesse ínterim, o Presidente da República, na época, Juscelino Kubitschek, adotou uma política econômica desenvolvimentista, criando estradas e alongando ruas. Assim, atraindo grandes empresas multinacionais do setor automobilístico. Em decorrência disso, hoje o inchaço veicular configura um grave problema no Brasil. Cabe ao governo adotar medidas salutares que contenham o impasse e estimular a população a usar os transportes alternativos. É notório que há um grande número de veículos particulares nas cidades brasileiras e isso gera impactos negativos aos municípios. Dados do IBGE apontam que, a cada 4 pessoas nascidas, um carro está sendo produzido. Tal fato acarreta em grandes congestionamentos e perigos para a saúde, não só da população, como também a do meio ambiente, haja vista que os automóveis são relevantes emissores de gases poluentes. Assim, faz-se necessário que o governo tome medidas que visam diminuir a quantidade de veículos nas estradas brasileiras. Outrossim, a baixa qualidade dos transportes públicos desestimula a população a utilizá-los. É comum a ocorrência de situações adversas, como a falta de assentos em ônibus e a superlotação de trens e metrôs, gerando, então, o descrédito do transporte público perante a sociedade. De acordo com "A República", livro escrito por Platão, o Estado tem o dever de atender o indivíduo em suas necessidades básicas. Analogamente, é possível estabelecer um paralelo entre o pensamento do filósofo e a problemática em questão, uma vez que a Constituição Federal, em seu Artigo 6º, garante que todo cidadão brasileiro tem direito ao transporte público de qualidade. Entretanto, na prática, isso não acontece. Tal fato é corroborado quando cidades como Campinas, no estado de São Paulo, criam projetos de corredores expressos - os chamados BRTs - e adiam ano a ano a implantação concreta desse modal rodoviário. Infere-se, portanto, que a falta de mobilidade urbana no Brasil tem origens históricas, culturais e sociais. A fim de atenuar a problemática, o Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, deve treinar e gerir profissionais que atuem fiscalizando e pressionando projetos direcionados à população, como os BRTs de Campinas, com o intuito de que esses realmente se concretizem. Ademais, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações pode contratar profissionais, para que esses criem aplicativos para celular, aos moldes de redes sociais, que estimulem a realização de caronas dentre a população, como o aplicativo "Caronaê" desenvolvido por alunos da UFRJ, diminuindo, assim, o número de veículos nas ruas. Por fim, em consonância a isso, o Ministério da Educação pode atuar em conjunto com ONGs de cunho educacional, como a ONG "Youth Opportunities", com o objetivo de realizar palestras em escolas e universidades, estimulando o uso de transporte coletivo, para que crianças e jovens possam ter o papel de atores sociais, instruindo familiares e amigos o que lhes foi ensinado. Dessa forma, os anos dourados do inchaço veicular seriam reescritos e a República de Platão seria consolidada em prol da mobilidade urbana no Brasil.