Título da redação:

A fluência do cidadão brasileiro

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 07/09/2017

Em anos recentes, os indicadores de qualidade de vida nas metrópoles vêm declinando em ritmo constante. O congestionamento do transporte, que, no Brasil, já incorpora mais de 50 milhões de veículos, definiu essa desmetropolização como tendência mundial. Apesar disso, a questão ganha um novo nuance em países como o nosso, em que as disparidades sociais e a ineficácia do governo titularam a carência na mobilidade urbana como um dos principais vetores do atraso socioeconômico brasileiro, tornando inviáveis a locomoção e a vida nas cidades. Em primeiro lugar, a precarização desse setor, nas metrópoles, corresponde à brutal deterioração das condições ambientais do meio urbano. O impacto da poluição, gerada pelo aumento exponencial do número de veículos circulantes, manifesta-se em fenômenos como a criação de microclimas - as denominadas "ilhas de calor" - e a inversão térmica, em que os gases tóxicos ficam retidos nas camadas mais baixas da atmosfera. A solução dessa problemática, portanto, levaria a um grande alívio estrutural no sistema de saúde pública, em função dos significativos índices de doenças crônicas ocasionadas diretamente pela fuligem dos automóveis. Paralelamente a isso, está a atuação dessa crise estrutural no retardamento econômico do Brasil. A histórica dependência nacional do rodoviarismo, desde a sua implantação por JK, em 1950, em detrimento do setor ferroviário, configurou um enorme impedimento à competitividade da produção do país, visto que toda a sua estrutura encontra-se, hoje, saturada. Esse fator, aliado aos prejuízos da violência nas estradas e ao aumento do preço dos combustíveis, encarece o produto brasileiro e contribui para o "custo Brasil", garantindo à mobilidade urbana, em seu estado atual, um viés econômico, além do social. A viabilização do transporte, portanto, há de ser um campo prioritário de ação governamental. As prefeituras devem investir na construção de rodoanéis, já adotados nas grandes capitais do mundo, como uma opção para desviar o fluxo principal de veículos das áreas centrais da cidade, aprimorando a fluidez do transporte e a qualidade ambiental de grande parte da população. Além disso, é dever do Ministério de Transportes e do DETRAN o investimento no transporte público - aumentando a frota de ônibus e priorizando o seu uso - e na implantação de ciclovias, destacando-se também a atuação da iniciativa privada nesse setor, em prol de uma melhor fluência da mercadoria e do cidadão brasileiro.