Título da redação:

A cronificação da condução desconexa urbana

Tema de redação: A crescente crise da mobilidade urbana brasileira

Redação enviada em 01/11/2018

O filme "Luto em Luta", retrata ,por meio de depoimentos de vitimas de acidentes, o transtorno diário do trânsito de São Paulo, que chega a matar todos os anos mais do que guerras e desastres ambientais. Nesse sentido, fora do âmbito cinematográfico, a crise da mobilidade urbana tem crescido, exponencialmente, nos últimos anos no Brasil. Dentre os principais motivos para o recrudescimento da chaga social, destacam-se a inobservância histórica estatal e a decadência do transporte coletivo público. A priori, é notório que a omissão do Estado, nas últimas décadas, tem relação profunda com a problemática atual. Isso decorre, lamentavelmente, devido à demasiada priorização pelo modal rodoviário na gestão do presidente Washington Luís, na segunda década do século XX, cujo lema de Governo era "Governar é abrir estradas", atrelado a isso, os generosos incentivos para as empresas automobilísticas no mandato de JK fortaleceu a matriz rodoviária no país. Tal panorama inibiu, em grande medida, o estabelecimento de uma malha viária urbana diversificada e, por conseguinte, legando reflexos negativos na atualidade, como os longos congestionamentos e acidentes diários. Logo, é imperiosa a elaboração de mecanismos para remediar tal transtorno social. Outrossim, nota-se, ainda, que a precariedade da condução coletiva pública recrudesce o problema. Isso acontece, infelizmente, por que frequentemente não há, no país, sobretudo nos médios e pequenos centros urbanos, uma valorização do transporte de massa de qualidade e humanizado para o uso dos brasileiros. Como consequência disso, paradoxalmente, a população de baixa renda, pelo acesso ao crédito nos últimos anos, passa a priorizar os veículos automotores individuais. Tal situação rompe com a conceituação de "Estado Conciliador" do filósofo moderno John Locke, a qual é função do governança alcançar a simetria e os interesses do bem comum da coletividade. Dessa forma, é impreterível a criação de planos para humanização e qualificação da locomoção comunitária. Claro está, portanto, que a adoção de medidas para mitigar a crise de mobilidade urbana no país torna-se imprescindível. Faz-se necessário que o Ministério dos Transportes, em parceria com a iniciativa privada, engendre um programa, direcionado às médias e pequenas cidades, para a implantação de trens e metrôs, com tarifas acessíveis à população, com o escopo de interconectar os modais de circulação e induzir o usuário a deixar o carro em casa. Ademais, às Secretarias de Mobilidade e Controle Urbano, em consonância com às Associações dos Ciclistas Urbanos, devem criar planos para a edificação de ciclovias e ciclo faixas, devidamente, sinalizadas, com a finalidade de promover à saúde de qualidade e reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Somente assim, o deslocamento urbano caótico no Brasil, tornar-se-á uma realidade abstrata.