A liberdade de locomoção é um direito previsto na Constituição Federal. Todavia, quando se observa a crescente crise da mobilidade urbana, no Brasil, hodiernamente, nota-se que grande parte da população possui tal direito prejudicado, uma vez que, em virtude da herança histórica de políticas públicas que impulsionaram o mercado automobilístico no país e da precária situação em que se encontram os transportes públicos municipais, a lentidão do tráfego tornou-se um empecilho à sociedade. Nesse sentido, convém analisar as causas e consequências dessa problemática. Em primeira análise, cabe pontuar que a preferência do brasileiro em adquirir veículos individuais possui raízes históricas, dado que, a fim de trazer ao Brasil um desenvolvimento econômico e social, o governo de Juscelino Kubitschek investiu no mercado automotivo, fato que influenciou diretamente na popularização dos automóveis individuais. No entanto, tal herança colaborou com a atual crise da mobilidade urbana, visto que o crescimento desenfreado da frota em circulação nas rodovias do país provoca os engarrafamentos vivenciados pela população. Comprova-se esse crescimento por meio de dados publicados pelo G1, em que é possível notar que a quantidade de veículos no país aumenta, em média, cerca de 2% ao ano. Desse modo, percebe-se que há a necessidade de buscar alternativas para atenuar esse impasse. Ademais, convém frisar que a precariedade dos transportes coletivos é um fator relevante para a persistência do problema, haja vista que, em razão da falta de conforto e segurança, grande parte dos brasileiros não os considera como alternativa viável à locomoção. Uma prova disso está em uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), na qual 83% dos entrevistados afirmaram que deixariam de usar o automóvel caso houvesse uma alternativa de transporte público que estivesse de acordo com suas expectativas, ou seja, que possuíssem os benefícios de um veículo individual, como comodidade e seguridade. Dessa forma, observa-se que há a indispensabilidade de se investir na melhoria desse meio de condução popular, para que, então, essa crise seja amenizada. Destarte, indubitavelmente, medidas são necessárias para mitigar a problemática em questão. Para isso, é imprescindível que o Governo Federal, em conjunto com os governos municipais, invista na melhoria da qualidade dos serviços de transporte disponíveis à população, com o objetivo de oferecer mais segurança e conforto aos passageiros, por intermédio de parcerias com multinacionais do ramo automobilístico para a aquisição de novos veículos, com o intuito de aumentar o efetivo e evitar lotações, com o propósito de que o tecido social, enfim, possa se locomover com liberdade no espaço urbano nacional, sem que sua mobilidade seja prejudicada.