A segregação social é enraizada nas civilizações ao redor do mundo. Do milenar sistema de castas indiano a favelização dos morros brasileiros, vemos um hábito comum a todos. Em um país marcado pelas diferenças a miscigenação faz parte da nossa cultura, mesmo que o ego imponha limites para tal. Ainda que a mistura, por muitos, seja vista como algo ruim, esta é inerente a qualquer pessoa, o contato entre diferentes camadas sociais é imprescindível para a manutenção da sociedade, seja ela por meio do trabalho ou pelo enriquecimento pessoal. O distanciamento das classes dominantes, por meio de condomínios cada vez mais afastados das cidades, que possuem todos os serviços necessários mas pelo dobro do preço, é a demonstração de superioridade de quem pode pagar. Do Palácio de Versalhes aos elevadores de serviço vemos a linha entre as estreitas relações entre "nobres" e servos. A Revolução Francesa não foi tão somente pela democracia, no âmbito politico, mas também pela igualdade em todos os setores. No entanto tal pensamento soa inocente e utópico, já que o governo que deveria garantir as mesmas condições de educação e saúde, princípios básicos para construção humana, não disponibiliza nem o necessário. Desta forma se pode notar a marginalização sendo sustentada pelos próprios representantes escolhidos pelo povo, para manutenção de um ciclo vicioso, sustentado pela coisificação das relações humanas, já que ter é ser. A falta de conscientização do outro como semelhante nos coloca como "lobos de nós mesmos", uma vez que excluir ou separar gera perda para todos.