Título da redação:

Entre o Camarote e o Morro

Tema de redação: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 28/01/2015

O Rio de Janeiro é a cidade onde mais se visualiza as diferenças sociais no Brasil. O contraste é visível em belos condomínios com vista para um mar de barracos onde a parcela pobre da população se espreme. Aterrorizados, ricos vivem trancados em seus oásis, guardados por seguranças que poderiam engrossar fileiras de qualquer exército antiguerrilha e não fariam feio. Quem vive ali, assiste de camarote a mazela social todos os dias, basta olhar pela janela. Mas que olhe rápido ou pode encontrar uma bala perdida. Balas perdidas nascem no morro, na favela e vêm das armas dos bandidos ou não, mas são perdidas até encontrar uma vítima. Mas a favela tem mais para dar do que tiros. De lá vem a força de trabalho que abastece as empresas, limpa os condomínios e até cozinha para os ricos. O povo do morro supre as necessidades dos ricos em troca do luxo de comer mais um prato de feijão. Entre os dois mundos ainda é possível encontrar a classe média, impossibilitada de acender aos ricos e espremida por impostos pesados. De tão desassistida pelo governo, por vezes sonha mesmo em ser pobre, da favela, do morro para ver se conseguem algum benefício, esmolado pelo governo para conter a insatisfação social dos que tem seus sonhos triturados. O povo sonha com um futuro melhor, mas a concentração de renda é cada dia maior, mais imponente. Dados da Oxfan mostram que em 2016, um por cento da população mundial deterá cinquenta por cento da riqueza do mundo. Nas favelas, com todas as mazelas, o povo resiste às vezes com alegria, outras com resignação, mas pelo menos no Rio de Janeiro e por enquanto, sempre que eles olham pela janela, a vista é um luxo. Este colírio parece ser o único remédio ministrado no dia a dia dos excluídos.