A sociedade brasileira vive uma "crise de identidade", marcada pela forte segregação social, largamente conhecida como "camarotização". Esse processo acentuado de separação das classes é relativamente novo e influenciado por alguns fatores, como as campanhas midiáticas cada vez mais direcionadas a determinados públicos e a diminuição na qualidade dos serviços e espaços públicos. A mídia sempre teve o poder de influenciar opiniões para vender seus produtos, porém, a forma como o marketing é feito acaba por acentuar as diferenças monetárias que não eram tão evidentes em décadas anteriores, fazendo com que quem possa pagar mais por um determinado produto seja encarado como superior, sobretudo àqueles que dependem de suporte social. Outro fator que acabou por aprofundar a diferenças sociais é a discrepante qualidade entre o público e o privado, fazendo com que as pessoas que podem pagar por serviços e espaços privados queiram se distanciar daqueles menos favorecidos monetariamente falando, criando a ideia de um camarote, no qual os mais ricos ficam em cima e os mais pobres embaixo. O processo de segregação e a camarotização são processos sociais que devem ser combatidos, pois trazem malefícios sociais, como os explicados por Karl Marx na teoria da luta de classes. Combater esses processos implica em uma melhoria substancial dos espaços e serviços públicos, bem como a iniciativa privada diminuir as diferenças de qualidade entre produtos e a segregação espacial, as chamadas "áreas VIPs", promovendo assim uma maior integração social entre classes.