Título da redação:

Cidadania é para todos?

Tema de redação: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 30/03/2018

Desde a antiguidade clássica, os surdos enfrentam severos obstáculos a fim de poder exercer integralmente seu papel de cidadão. Na sociedade contemporânea, tem-se por base da cidadania o sistema educacional. Porém, o Brasil conta com uma educação básica defasada, sobretudo quando diz respeito aos deficientes auditivos, e, desse modo, torna a formação deles na sociedade um verdadeiro desafio. Nesse panorama, torna-se imprescindível analisar tanto os aspectos culturais acerca do preconceito, bem como o descaso governamental com as necessidades especiais de tais deficientes. Cabe pontuar, em primeiro plano, que apesar de contar com leis elaboradas, o Estado ainda não está preparado para inserir totalmente os surdos na sociedade, vide a negligência de escolas e orgãos públicos, que não aplicam e fiscalizam o que é estabelecido, respectivamente. Nesse ínterim, ocorre uma cidadania seletiva em relação a esses deficientes, na qual somente os mais abastados têm condição de acessar uma escola especializada, indo em oposição ao que foi exprimido em 1988 na Constituição Federal, que garante atendimento educacional especializado aos deficientes por parte do Estado. Destarte, quando não ocorre a aplicação rígida da legislação, essas pessoas, em razão da base educacional precária, encontram ainda mais dificuldade de adentrar nas instituições públicas de ensino superior, o que, em uma sociedade que exige cada vez mais mão-de-obra especializada, reduz ofertas de emprego e consequentemente a qualidade de vida. Concomitantemente, a sociedade brasileira não se encontra organizada de uma forma harmônica, devido ao preconceito e individualismo enraizados nela, e, dessa forma, torna-se impossível atingir o estado de bem-estar geral, como esclareceu, no século XIX, o sociólogo Émile Durkheim. Nesse contexto, as pessoas portadoras de deficiência auditiva, que claramente necessitam de apoio, sofrem com o preconceito e são taxados muitas vezes como inválidos. Isso pode ser percebido nas escolas, instituições fundamentais para formação social do indivíduo, nas quais uma parcela das crianças começam a reproduzir comportamentos adquiridos em casa: isolam ou até praticam bullying contra os surdos. Em vista disso, há uma intensa desestimulação em frequentar essas instiuições por parte dessas pessoas. Nessa perspectiva, é fundamental que o Ministério Público em consonância com as Secretarias Estaduais de Educação intensifiquem a fiscalização de escolas públicas e privadas, a fim de puni-las ao rigor da lei: com multa e prisão de 2 a 5 anos. Ainda assim, é imprescindível a atuação da mídia, que deverá promover campanhas de respeito às diferenças constantemente, não só em certos momentos como ocorre com o Criança Esperança. Por fim, a família, por ser o a primera a promover noção social de uma criança, deverá educá-la de forma a respeitar e apoiar o deficiente auditivo. Afinal, como afirmou Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.