Título da redação:

Camarotização: A construção de um muro sem tijolos

Tema de redação: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 20/09/2015

Durante a guerra fria, o mundo foi dividido por uma cortina de ferro que separava simbolicamente a parte europeia de ideologia capitalista da parte socialista. Entretanto, mesmo após o fim da guerra fria essa cortina ainda se faz presente, só que ao invés de separar capitalistas de socialistas, ela separa a população economicamente desfavorecida dos mais abastados financeiramente. Essa divisão que acontece entre os locais destinados exclusivamente a ricos e o espaço comum frequentado pelos “pobres” também se assemelha muito ao episódio conhecido como Apartheid, regime de segregação racial ocorrido na África do sul, onde a população negra não podia frequentar os mesmos locais que a população branca. Nesse apartheid moderno, conhecido também como “Camarotização” da sociedade, quem têm dinheiro consegue acesso a privilégios e serviços de qualidade superior, como hospitais particulares, colégios integrais, poltronas mais confortáveis em aviões, entre outros tantos. A Constituição brasileira enaltece que todos são iguais perante a lei, no entanto, o Estado não garante, de maneira satisfatória, igualdade a todos, o que contribui diretamente para o aumento dessa discrepância entre as classes e favorece a construção desses muros segregadores, que não são feitos tijolos e concreto, mas sim de desigualdade e preconceito. Pensar que se pode extinguir totalmente a “Camarotização” das classes sociais não passa de utopia, até porque essa extinção iria contra o sistema capitalista que rege a sociedade. Logo, o melhor a se fazer é controlar refrear os avanços desse tipo de segregação, para que não ultrapasse o limite do aceitável. Para tanto, o Estado deve oferecer serviços públicos de qualidade, como transporte coletivo, educação, saúde gratuita e eficiente, pois assim a população na careceria de recorrer à iniciativa privada para obter o que por lei é dever do estado prover. O intercâmbio entre pessoas de diferentes classes sociais é essêncial para o desenvolvimento pessoal , pois como diria o poeta John Donne: "Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente".