Título da redação:

A pobreza assistida do camarote

Tema de redação: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 17/02/2017

Em 2014, os rolezinhos foram um tema muito polêmico. A polêmica estava no fato de shopping centers restringirem o acesso de jovens por assumirem que eles não consumiriam nada. De fato, os rolezinhos reuniam jovens das periferias das cidades e que, portanto, não possuíam um alto grau de consumo. Contudo, impedi-los de entrar é antiético. Os rolezinhos expressam uma clara “camarotização”, fenômeno social que consiste na separação física entre diferentes elementos da sociedade, já que os shopping são ambientes privados criados para a classe média e alta se sentirem seguras e isolarem-se dos perigos da rua. Os garotos que frequentam os rolezinhos vivem uma tentativa de entrar na cultura de ostentação, por isso é muito comum o uso de roupas falsificadas e músicas que demonstram ascensão econômica nesses grupos. No entanto, a realidade é muito diferente. A tentativa de se parecer com a classe média demonstra a desigualdade social vivida no Brasil, pois embora eles tentem parecer ostentosos, a oportunidade para ingressão numa universidade e bons empregos é discrepante entre as classes.Devido a especulação imobiliária as famílias de renda mais baixa são afastadas da cidade, morando nas periferias onde a infraestrutura é mais precária, enquanto a classe média e alta moram em bairros mais valorizados. Ademais, a segregação não se limita à moradia. Por não possuir um sistema de ensino e de saúde público de qualidade, aqueles que possuem condições de pagar um serviço privado contribuem para a “camarotização”. Nesse ponto, o governo, supostamente de todos, se mostra falho, por não haver a democratização do acesso a serviços que são garantidos na constituição. O atual governo não demonstra interesse na distribuição de renda nem na inclusão e interação entre classes, pelo contrário, propostas de projetos como a PEC 241 que corta verbas da saúde e educação atingem apenas os menos favorecidos, deixando duvidoso a ética e a democracia do atual governo. Em resumo, a “camarotização” é fruto da desigualdade social. Nesse contexto, a resolução deve partir do Estado ao criar projetos de distribuição de renda, criando empregos e oportunidades de estudo igualitárias. Além do desenvolvimento da qualidade de vida nas periferias das cidades(saneamento básico, pavimentação, assistência social e policiamento) e melhora nos serviços como o de saúde. Também, impedir a aprovação de projetos que cortem benefícios do povo e com campanhas para interação social entre as classes, com centros poliesportivos e culturais públicos.