Título da redação:

A histórica cultura segregacionista do Brasil

Tema de redação: A “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

Redação enviada em 02/04/2017

Segundo o filósofo Karl Marx, é o homem quem cria os problemas sociais e instaura o abismo existente entre ricos e pobres. Nesse sentido, no Brasil, essa premissa pode ser facilmente exemplificada na segregação imposta às classes sociais, em que a qualidade de vida e de serviços oferecidos a diferentes estratos sociais é cada vez mais diferenciada, resultando na camarotização dos ricos e na exclusão dos pobres. Historicamente, a segregação espacial do país sempre foi proporcionada pelos governantes. No Rio de Janeiro, por exemplo, para promover o embelezamento da cidade, o ex-prefeito Pereira Passos deslocou a população pobre para as periferias do Rio, esse ocorrido foi o motor precursor das primeiras favelas. No entanto, a problematização, de fato, aconteceu quando esses habitantes, por se encontrarem mais afastados do centro, passaram a ser desprivilegiados do oferecimento de serviços básicos, tais como saúde, segurança e educação, os quais são determinantes para que os indivíduos tenham qualidade de vida. Dessa forma, o desnível social tende a aumentar continuamente, haja vista que a falta de oferecimento deles à população pobre a impede de ter mobilidade e ascensão social. Além disso, outro fator responsável pelo aumento dessa segregação de classes é a constante desigualdade presente entre o ofício público e privado. Uma ilustração desse fato acontece, simultaneamente, nas escolas e hospitais, os quais, caso forem do poderio público, passaram a ser tão somente frequentados pela parcela mais pobre da população. Diante disso, é notório que a diferença de qualidade nos serviços prestados por ambos, indiretamente, foi motivadora dessa divisão, visto que indivíduos favorecidos economicamente, por saberem da precariedade do Poder Público, optam pelo ofício privado. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), por exemplo, apenas 30% da população rica faz proveito do ensino e saúde gratuitos. Nessa perspectiva, para que seja possível exaurir a crescente segregação das classes no Brasil, mostra-se necessária uma ação conjunta entre sociedade e Estado. Para tanto, cabe ao terceiro setor – composto por indivíduos que buscam melhorias no corpo social – a criação de corporações que, por meio de uma apuração feita no próprio cotidiano de favelas e periferias, destinem ao Poder Público as melhorias mais urgentes que a população pobre necessita para obter qualidade de vida. Ademais, é imprescindível que o governo, através de um aumento nos recursos oferecidos financeiramente, busque diminuir a precariedade presente nos serviços públicos que são, sobretudo, aproveitados pela parcela menos favorecida economicamente do país, visando, assim, acabar com o desnível social e, consequentemente, com a segregação vigente no Brasil.