Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A banalização do diagnóstico de TDAH

Redação enviada em 14/02/2018

A sociedade contemporânea é resultado de um conjunto de fatores políticos, tecnológicos e socioculturais que, para além de avanços, trouxeram consigo retrocessos, como a deturpação de valores éticos e a liquidez das relações interpessoais. Nesse contexto, a banalização do diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) - distúrbio que atinge sobretudo crianças - surge como uma problemática que ainda não é tratada com a importância que demanda. Convém, dessa forma, discutir as razões que tornam os responsáveis pelos pacientes e a sociedade empecilhos à solução desse impasse. Ao contrário do que muitos pensam, o diagnóstico do TDAH exige uma avaliação profunda do comportamento do sujeito, uma vez que os principais sintomas desse distúrbio - desatenção e inquietude - são comuns a diversas doenças e podem resultar de inúmeros fatores. Assim, apenas profissionais de saúde mental, como psicólogos e médicos psiquiatras, são capazes de identificar corretamente essa condição. No entanto, muitos pais confiam a saúde de seus filhos a profissionais não especializados, que eventualmente realizam análises superficiais do quadro clínico da criança, resultando em um falso diagnóstico do TDAH. Outrossim, cabe apontar a influência da sociedade nesse processo. Já está enraizada no discurso do senso comum a ideia de que, se uma criança é peralta e inquieta, ela é necessariamente hiperativa e possui TDAH. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, algumas ideias e comportamentos sociais são coercitivos ao indivíduo e determinam o seu modo de viver, porque fazem parte da cultura da sociedade - nesse caso, percebe-se que o desconhecimento de muitos acerca do TDAH age como uma ideia coercitiva que legitima a banalização do diagnóstico desse transtorno. Por conseguinte, a tendência é que as crianças continuem o tratamento com os fármacos, podendo causar alterações no sistema nervoso em casos de falso diagnóstico. Entende-se, portanto, que a vulgarização do TDAH na sociedade hodierna é um problema que deve ser resolvido. Para tanto, os órgãos do poder público responsáveis pela Saúde devem promover treinamentos, destinados aos profissionais de hospitais públicos e privados, que orientem os médicos não especialistas a encaminhar os pacientes com alterações comportamentais para psiquiatras ou neurologistas, a fim de evitar falsos diagnósticos. A mídia, por sua vez, deve exercer sua função social e veicular propagandas televisivas que orientem os telespectadores quanto aos sintomas do TDAH, tornando clara a necessidade do atendimento especializado. Desse modo, esse distúrbio psicológico não será banalizado, e a saúde de inúmeras crianças será preservada.