Título da redação:

Entre a negligência e o desequilíbrio do ego

Tema de redação: A AIDS em questão no Brasil

Redação enviada em 10/08/2017

O Sistema Único de Saúde (SUS), inaugurado em 1990, é hoje uma referência mundial entre os programas que proporcionam equidade no acesso à prevenção e ao tratamento de patologias. No entanto, não obstante dessa forma de política pública, o país ainda enfrenta o aumento do número de pessoas vivendo com o vírus HIV, o qual é transmitido majoritariamente via sexual (DST), ataca o sistema imunológico, deixa o organismo suscetível a doenças oportunista e pode resultar na síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). À vista disso, para compreender e ir de encontro a esse desafio, faz-se necessário analisar tanto a administração estatal quanto o comportamento social da população. É indubitável que as ações públicas e suas aplicações estão entre as causas do problema. As campanhas governamentais além de serem realizadas de maneira periódica, como no Carnaval, são pautadas na culpabilização do indivíduo. Além disso, essas propagandas suprimem a população-chave, a qual é composta por grupos de pessoas estigmatizadas que, devido à maior vulnerabilidade, concentram grande parte da epidemia, como os homens que fazem sexo com homens e as mulheres trans. Segundo o Ministério da Saúde, por exemplo, estas representam 30% e aqueles correspondem a 15% do total de casos de HIV positivos do Brasil. Outrossim, de acordo com o psicanalista Sigmund Freud, a estrutura do mecanismo psíquico é construída a partir do equilíbrio no qual a consciência (ego) deve mediar de forma saudável os desejos instintivos (id) e a censura (superego). Entretanto, a falsa sensação de segurança que há entre os brasileiros, sobretudo entre os jovens, rompe essa harmonia e contribui para emergir novos casos de infecções pelo vírus. O tema sexualidade é tratado, por parte das escolas, com omissão e preconceito, o que resulta na crença fictícia de que a patologia está controlada e de que os tratamentos permitem uma vida sem complicações. Em decorrência disso, as relações sexuais são iniciadas e praticadas, cada vez mais, de forma negligenciada e sem o uso de métodos preventivos, agravando o problema no Brasil. Urge, portanto, que o Ministério da Saúde proponha a campanha Dezembro Vermelho que, semelhante ao movimento Outubro Rosa, deve não só conferir maior visibilidade à doença como também fomentar ações direcionadas, mormente para a população-chave, no que tange a prevenção da contaminação por HIV, a exemplo da explicação sobre o uso correto de preservativos e sobre a importância do diagnóstico precoce, oferecido pelo SUS ou por teste rápido disponibilizado recentemente para venda em farmácias, para impedir a proliferação de novas infecções. Ademais, é imperativo ao Ministério da Educação adicionar a disciplina de Educação e Sexualidade na base curricular nacional, para instruir os jovens acerca do equilíbrio freudiano, por meio de aulas isentas de preconceito e capazes de explicitarem como iniciar e manter uma vida sexual saudável, bem como de destacarem as DSTs, como a AIDS, e seus efeitos colaterais, sejam os biológicos – náuseas e diarreias, sejam os sociais – discriminação.