Título da redação:

Brasil: país do samba, do futebol e das cesáreas

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 25/08/2015

Renascer, dar à luz, parir. Desde a Revolução Industrial, ocorrida no Inglaterra, no século XVIII, a medicina avançou fortemente. Hoje, conta com diversos procedimentos e fármacos que auxiliam em um dos momentos mais importantes da vida: o nascimento. De modo, tornou-se frequente questionar-se: “parto normal ou cesariana?”. Apesar de todas as melhorias, a população e, principalmente, as grávidas estão sujeitas à falta de informações sobre esse tema, contribuindo para a alarmante taxa de cesáreas no Brasil. Segundo dados da pesquisa “Nascer no Brasil”, da Fiocruz, a taxa de cesáreas no país é de 64%, atingindo mais de 80% nas clínicas particulares. Na contramão, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um índice de, no máximo, 15%. Reconhecida como um método de salvar vidas, a cesariana popularizou-se e tornou-se padrão. Procedimento cirúrgico de emergência altamente invasivo, a cesárea ganhou força em todo o mundo devido às suas comodidades, como a programação da data, local e hora do nascimento e menor tempo de duração do procedimento em relação ao parto natural. Não obstante, a equipe médica beneficia-se da possibilidade de realizar várias cesáreas por dia, o que representa lucro. Contudo, esse índice catastrófico está ligado ao fracasso brasileiro em uma das Metas do Milênio, instituídas pela Organização das Nações Unidas (ONU): a redução da mortalidade materna. Ainda de acordo com a pesquisa acima, as chances de uma parturiente morrer na mesa de operações é cerca de três vezes e meia maior do que no parto natural. Nos últimos anos, o parto normal vem ganhando força novamente. O maior contato entre mãe e feto, o menor risco de que a criança desenvolva doenças alérgicas (o mal do novo século) e o reforço do seu sistema imunológico, além da preparação do bebê para o mundo exterior, por conta da liberação de vários hormônios pelo corpo materno, contribuem para a defesa desse tipo de parto, que, aliás, não é nada novo. Entretanto, o medo e as dores do parto normal freiam esse crescimento. Eles são mistificados pelos médicos e pela mídia, variando de acordo com a gestante, pois integram a individualidade biológica de cada uma. Assim, a conscientização da população e, essencialmente, das lactantes pode mudar essa preocupante realidade. A veiculação de campanhas pelo parto humanizado, uma forma de parto normal que zela pelo conforto da parturiente, pela mídia e a defesa do parto normal como primeira alternativa pelos médicos são ferramentas fundamentais, além da criação de um canal de comunicação pelo governo para que todos possam se informar sobre o nascimento, desde o parto até o crescimento da criança. Dessa forma, o Brasil pode tornar-se exemplo mundial na defesa do parto normal, como no combate à fome e à pobreza.