Título da redação:

As gestantes merecem ser ouvidas e respeitadas

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 09/08/2015

Um momento de amor e encanto para muitas mulheres e seus parceiros tem se tornado uma situação conturbada no país. O parto, momento que deveria ser de alegria para as novas mamães, está enfrentando sérios problemas e tornou-se questão de saúde pública. A violência obstétrica e as cesáreas desnecessárias são os dois fatores que mais incomodam as mulheres no Brasil. Realizar um parto normal (também chamado de vaginal) é o que mais apresenta benefícios ao recém nascido e à gestante: estimula os pulmões do feto, evitando futuros problemas respiratórios e dá à mãe uma recuperação rápida, sem complicações. A cesárea, no entanto, não estimula o bebê e traz à mãe problemas de recuperação como dores, hemorragias, hematomas e até infecções. É nítido que o parto normal é mais saudável. Cesáreas são indicadas apenas para gravidez de risco; mas, no Brasil, 54% dos partos realizados pelo SUS são cesarianas e, nos planos de saúde, o número chega aos 88%, quando o recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 15% Além de cirurgias cesarianas serem realizadas sem necessidade, muitas mães enfrentam violência obstétrica. Mulheres e seus acompanhantes recebem chingamentos e sofrem deboches por parte da equipe hospitalar, não recebem as devidas informações, são vítimas do descaso médico e hospitalar, não sabem sequer os procedimentos que os médicos e assistentes realizam durante o parto e são até submetidas à cesarianas sem autorização. Buscando uma solução contra estes dois fatores, surge o parto humanizado. Este tipo de parto prega o mínimo de intervenção médica possível durante o nascimento, recusando, inclusive, procedimentos como injeção de ocitocina artificial (para aumentar as contrações), episiotomia (corte na vagina para facilitar a saída do bebê) e fórceps (instrumento que auxilia na retirada do bebê). Além disso, é a gestante quem toma as decisões sobre o nascimento de seu bebê. Recentemente a professora Mariana de Oliveira Machado, da Ufscar, morreu após tentar por 48 horas o parto humanizado, em casa. A chegada de uma criança deve ser feita da maneira menos agressiva possível, respeitando as escolhas da mãe e sua família. Devem-se levar em conta os benefícios à saúde da gestante e seu filho na hora de escolher o parto a ser realizado e evitar problemas psicológicos, não maltratando nem humilhando a família e a mulher. Humanizar o parto é uma forma de resistir às imposições médicas. No entanto, a medicina obstétrica evoluiu para facilitar e melhorar o atendimento das gestantes, então, não há porque recusar algumas destas tecnologias e por em risco a saúde de uma mulher e seu filho. A medicina evoluiu para ser utilizada.