O Brasil apresenta, atualmente, uma das maiores taxas de partos cesáreos do mundo. Dos partos realizados no país, 52% são cesáreas, ao passo que a Organização Mundial de Saúde (OMS)recomenda que este valor não ultrapasse 15%. Mas por que esta alta taxa se caracteriza como um problema? O parto cesáreo consiste em uma cirurgia para a retirado do bebê e, como toda cirurgia, apresenta riscos decorrentes da anestesia, das incisões e suturas, e exige atenção no pós-operatório. O parto normal, por outro lado, ocorre por via vaginal, sendo a maneira estabelecida pela natureza para o nascimento, por isto, recebe também o nome de "natural". Apesar disso, o parto normal não precisa ser primitivo, uma vez que o uso de anestésicos e o acompanhamento das "doulas" humanizaram em muito o parto natural. As "doulas", em geral mulheres mais velhas e voluntárias, auxiliam as futuras mães, orientando na respiração e o procedimento correto nos momentos da contração. Além disso, o parto normal favorece o aleitamento materno nos primeiros minutos de vida do bebê, o que normalmente não acontece nas cesáreas, e permite que a mulher se recupere rapidamente, retomando suas atividades. Diante do exposto, a escolha pelo parto normal deveria ser corrente. No entanto, devido a falta de informações e especialmente a falta de apoio do médico obstetra, a maioria das gestantes acabam optando pela cesárea. Os motivos que levam os médicos a indicarem a cesárea são diversos, desde a comodidade de marcar uma data, até a falta de anestesistas de plantão, poucos leitos hospitalares e os baixos valores pagos pelas longas horas gastas em um parto natural. Assim, o alto número de cesáreas desnecessárias tem como consequência maior índice de complicações pós-cirúrgicas, tais como hemorragias e embolias, bebês nascidos antes do tempo, comprometimento do desenvolvimento do neo-nato, maior tempo de internação da mãe e da criança, e os altos custos decorrentes disto. Buscando reverter este quadro, é preciso melhorar as condições de trabalho dos médicos, equipando bem os hospitais e remunerando bem estes profissionais, por hora trabalhada. Incentivar o parto normal durante o pré-natal, informando as gestantes sobre suas vantagens e os riscos de um parto cesáreo também seria uma boa estratégia, no intuito de mudar o cenário dos partos no Brasil.