Título da redação:

Fome: quando o alimento é inalcançável

Tema de redação: Desperdício de Alimentos: fome no Brasil e os decorrentes impactos naturais

Redação enviada em 24/08/2016

"Cada dia a natureza produz o suficiente para a nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome." A citação de Mahatma Gandhi, mesmo tendo sido feita a décadas, exprime com maestria a realidade atual. O desperdício de alimentos tem efeitos diretos em toda a população, seja no quesito social, seja no ambiental. Com a difusão do American Way of Life (Estilo de Vida Americano), ensinou-se que o consumismo desenfreado era a fórmula da felicidade. Esse impulso por compras atingiu diversos setores, inclusive a alimentação. Segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), um terço dos alimentos se perde durante toda a rede produtiva. A perda da comida acontece nos países pobres por falta de tecnologia e dificuldade no armazenamento e transporte. Nas nações abastadas, o desperdício acontece nos supermercados e na casa do consumidor, acostumado a comprar mais do que precisa. Além disso, a fome pode ser encarada, como dizia Durkheim, como um fato social: algo externo ao indivíduo e que independe dele. Isso faz com que a desnutrição continue persistindo no Brasil e no mundo pela falta de políticas públicas que revertam esse quadro desesperador. A subalimentação causa no organismo diversas disfunções, como anemia, raquitismo e problemas neurológicos. Entretanto, o dinheiro dos remédios usados para erradicar essas doenças - quando tratadas - poderia ser reorientado para o reaproveitamento de alimentos ou, ainda, ser revertido em tecnologias para minimizar o desperdício alimentar em toda a sequência produtiva. Ademais, a falta de consciência no consumo de alimentos também traz prejuízos ao meio ambiente. O uso constante da terra para cultivo causa no solo um déficit nutricional que, mais tarde, é corrigido com produtos químicos que podem chegar ao lençol freático, contaminando-o. Somado a isso, o alimento não aproveitado vai para o lixo, ocupando território e liberando grande quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, o qual contribui para o aquecimento global. Esse, por sua vez, causa desequilíbrio nos ecossistemas, atinge plantações e comunidades e inicia um ciclo vicioso. Torna-se evidente, portanto, a extrema necessidade de se reduzir o desperdício de alimentos. É necessário que a FAO estipule metas aos países, principalmente ao Brasil, com fiscalização rigorosa e recompensa final para aqueles que conseguirem reduzir ou extirpar o desperdício das refeições. É preciso que o Ministério da Educação introduza, na matriz educacional, matérias integradas que conscientizem os pequenos sobre a importância do consumo consciente como forma de erradicar a fome e minimizar impactos ambientais. É primordial que a mídia, por meio de comerciais informativos, mostre a relevância de se reutilizar e aproveitar toda a comida, além de ensinar receitas utilizando sobras alimentares.