Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: As mídias sociais como impulsionadoras da busca pela perfeição

Redação enviada em 13/09/2018

Émile Durkheim, importante sociólogo francês, no século XIX criou o conceito de consciência coletiva, que é o conjunto de crenças disseminadas na sociedade e absorvidas pelo indivíduo. Com a universalização do acesso às mídias sociais, cada vez mais vemos, através de fotos recheadas de sorrisos e postagens que só mostram o lado da conquista (ocultando o sacrifício envolvido), a disseminação de um ideal de perfeição inatingível que causa dois problemas psicológicos graves: baixa autoestima decorrente de comparações e ilusão de grandeza derivada da extrema facilidade com que se molda a própria imagem nas redes. Considerando o primeiro problema, cabe ressaltar que as postagens que pululam nas redes sociais transmitem a muitos indivíduos a sensação de que os outros têm uma vida plena e realizada, o que contribui para que eles se vejam como inferiores. No entanto, há, por exemplo, pesquisas indicando que casais divulgando fotos felizes nas redes sociais em boa parte dos casos escondem um relacionamento em decadência. Dessa forma, como no Mito da Caverna de Platão, enxergamos apenas as sombras do fenômeno, ignorando a real dimensão. Com relação ao segundo obstáculo, é pertinente evidenciar que, se para Brás Cubas, autor defunto de Machado de Assis, uma moça por quem se encantou era "bonita, mas coxa", agora com a internet ela seria só bonita. Essa situação acontece com a personagem Maribel, da novela rubi, exibida no SBT, que acaba aborrecendo o namorado Heitor, um rapaz com quem começou se relacionando pela internet, por nunca ter contado a ele sobre sua deficiência na perna. Nesse sentido, a consciência coletiva, contaminada pelo ideal de perfeição evidenciado nas redes sociais, gera nas pessoas a necessidade de auto-afirmação dissimulada. Por esse motivo, acabam criando uma felicidade plástica, provocada por uma imagem artificial que apresentam de si mesmas para serem aceitas. Urge, portanto, que a sociedade civil esclarecida exija do Estado, que atuará por meio do Conselho Federal de Psicologia, a criação de um programa voltado às pessoas que sofram com problemas de autoestima ocasionados pela exacerbada promoção de felicidade artificial nas redes sociais, oferecendo sessões de terapia gratuita em todas as unidades do SUS, de forma a ajudar população mais pobre e sem acesso a esses tratamentos a lidar com o sentimento de inferioridade decorrente de adversidades dessa natureza. Ademais, caberá à mídia, por meio da divulgação de pesquisas, debates e campanhas publicitárias, conscientizar a população sobre a existência do nocivo ideal de perfeição fomentado na internet, de modo a favorecer a busca por tratamentos, diminuindo nas pessoas a necessidade de se auto-afirmarem por meio das mídias sociais.