O ideal de perfeição foi e sempre será uma constante na humanidade , mas, como todo ideal, não pode ser alcançado, ao menos, em sua essência. Todavia, as mídias sociais surgem como um remédio paliativo para a imperfeição humana, isto é, como um oásis de perfeição num mundo imperfeito. Por isso, compreender a busca pela perfeição nas redes sociais passa pela compreensão do porquê os seres humanos mascaram seus defeitos. Aquilo que tornou as mídias sociais tão atraentes é também seu maior defeito, qual seja, a possibilidade de ocultar, apagar, enfim, de editar a realidade por meio de um clique. Assim, nunca foi tão fácil ter 'a vida perfeita', nem que seja na aparência. Porém, é impossível viver numa bolha, e se a realidade virtual aceita a perfeição, a vida real não. Então, essa busca à perfeição impulsionada pelas redes sociais, por ser naturalmente inatingível, tem nos levado ao caminho da frustração. Por outro lado, esse narcisismo digital nada mais é que o produto do medo do julgamento alheio; o medo de se expor como uma pessoa de carne e osso com suas fraquezas e suas virtudes. Esse medo, entretanto, não tem razão de ser porque todos nós carregamos em maior ou menor medida defeitos e qualidades. Dito isso, reconhecer nossa natureza defeituosa não é sinal de fraqueza ou algo do gênero, mas, sim, de sabedoria, uma vez que só assim é possível viver de forma autêntica. À vista disso, as pessoas precisam reaprender a conviver com suas imperfeições ou viverão eternamente numa busca incessante pela perfeição, que nunca as levará a lugar algum, a não ser em mais frustração. Parte de ser humano é ser imperfeito, talvez o que nos falte é uma pitada de imperfeição.