Durante o Brasil colônia, a sociedade brasileira estruturou-se como patriarcal, latifundiária e escravista. Dessa forma, assim como a violência aos escravos era preponderante, o mesmo acontecia dentro das residências dos senhores de engenho devido a grande repressão sofrida por mulheres e crianças. Todavia, no contexto hodierno, analisa-se que os mais de 300 anos de período colonial refletem-se na atualidade como raízes profundas na história do país à medida que a violência permanece, infelizmente, sendo um traço marcante no cenário urbano. Nesse sentido, é necessário encontrar subterfúgios para solucionar essa inercial problemática. Cabe pontuar, em primeiro plano, a violência como fomentadora de inúmeros casos de morte no Brasil, mas também como um reflexo da desigualdade racial enraizada no país. Segundo pesquisas feitas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 71,5% das pessoas assassinadas no Brasil são negras ou pardas, um exemplo disso é evidenciado com a morte da vereadora Marielle Franco, em 2017, que, sendo negra e mulher, foi assassinada por defender e representar as minorias no país, nota-se, portanto, que a morte dessa não é apenas um homicídio, mas sim uma tentativa de "calar" os ideias valorizados pela vereadora: justiça e equidade de gênero e racial. Faz-se mister, ainda, salientar o papel do Estado como mediador de conflitos, não cabendo a ele gerar mais violência e sim contê-las. Entretanto, observa-se muitos policiais manifestando comportamentos violentos contra bandidos e até mesmo para com a população de baixa renda, principalmente em favelas e locais periféricos. Sabe-se também que a mentalidade militar de repressão, diversas vezes confunde-se com agressão, o que desencadeia um processo de "revanche" tanto nos bandidos, como na população que perde o respeito e a confiança nos oficiais cujo principal papel é garantir a segurança pública, ademais, como diria o filósofo Jean-Paul Sartre, a violência independente da forma como manifestada é sempre uma derrota, logo a violência ,em excesso, nas ruas por policiais apenas alimenta o ciclo de violência no país. Infere-se, portanto, que a violência no Brasil, fruto de sua construção histórica desde o período colonial , deve ser combatida, a fim de cortar as raízes coloniais segregadoras e preconceituosas do país, mas também estabelecer um cenário de paz para os cidadãos. Cabe ao Poder Legislativo, em união com o Executivo, criar leis que estabeleçam nos treinamentos militares uma mentalidade mais flexível e branda, onde a violência seja usada apenas em últimos casos, para que a segurança e proteção da nação possa ser desfrutada, na prática, por todos. Dessarte, é imperativo ao Ministério da Educação (MEC) , em parceria com as mídias, desenvolver campanhas de conscientização sobre igualdade de gênero e raça, com o escopo de tornar a população mais consciente sobre o revés do preconceito e suas consequências danosas. Assim, poderá dizer-se que ,no Brasil, as taxas de mortalidade e violência serão ao longo prazo cada vez menores e que os pensamentos de Sartre estarão incorporados na mentalidade da população brasileira.